Ceará está em alerta crítico de ocupação de leitos de UTI, aponta Fiocruz
Situação é a pior registrada desde julho, quando cenário no Estado já era classificado como de alerta médio; risco baixo de ocupação só foi atingido em setembro
A expansão de leitos de terapia intensiva para Covid-19 no Ceará não tem acompanhado o crescimento da demanda. Em média, desde 23 de fevereiro, mais de 1.600 novos casos da doença são confirmados por dia, e a ocupação das vagas de UTI públicas já é classificada como “crítica”, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
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Em levantamento divulgado neste mês, a instituição aponta que a situação desses leitos no Ceará é a pior desde julho, quando o alerta já era “amarelo”, de risco médio de colapso. A estabilidade, com risco baixo de ocupação, só foi alcançada pelo Estado uma única vez, no início de setembro, e logo piorou, duas semanas depois.
Desde 1º de fevereiro, contudo, o cenário atingiu o alerta “crítico” pela primeira vez, incluindo o Ceará entre os sete estados do Brasil nessa situação, junto a Amazonas, Acre, Rondônia, Goiás, Paraná e Pernambuco.
Já neste mês, com exceção de Sergipe, todos os estados do País estão em alerta médio ou crítico de ocupação de leitos de UTI para tratamento de adultos infectados com Covid-19.
“As taxas são classificadas em zona de alerta crítica quando iguais ou superiores a 80%. Mesmo no período entre a segunda metade de julho e o mês de agosto, quando foram registrados os maiores números de casos e óbitos, não tivemos um cenário como o atual, com a maioria dos estados e Distrito Federal na zona de alerta crítica”, aponta o estudo.
Ocupação de leitos de UTI no Ceará
De acordo com dados do Integra SUS, coletados às 11h04 desta quarta-feira (10), o Ceará tem 1.044 leitos ativos de UTI específicos para Covid, dos quais 945 estão ocupados. De enfermaria, são 2.329 vagas, e 1.712 estão ocupadas. Os quantitativos são referentes a 105 unidades de saúde públicas, privadas e sem fins lucrativos incluídas na plataforma.
O total de leitos de alta complexidade ativos em Fortaleza é de 686, dos quais 629 já têm pacientes em atendimento. A rede é complementada por 1.302 vagas de enfermaria, das quais 1.182 estão ocupadas. Dez hospitais da cidade, incluindo Hospital Geral (HGF), Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) e Hospital São José (HSJ), têm 100% de taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid.
Atualmente, 92% das vagas públicas de UTI para adultos com coronavírus estão ocupadas no Ceará, e a porcentagem sobe para 94% se as unidades privadas forem incluídas na conta. Em Fortaleza, 9 a cada 10 vagas de alta complexidade do SUS estão ocupadas.
O pior índice desde o pico da pandemia, entre abril e junho de 2020, foi atingido pela primeira vez neste ano em fevereiro, quando quase todos os leitos de UTI estavam ocupados nas unidades de saúde cearenses.
A primeira vez que o Ceará chegou a nível crítico, com colapso da rede pública de hospitalização, foi em 16 de abril de 2020, quando 48 pessoas com suspeita de Covid aguardavam na fila à espera UTIs, que estavam com capacidade 100% esgotada.
Internações na segunda onda da pandemia
Na primeira onda de casos de coronavírus no Ceará, entre março e setembro, foram confirmados mais de 269 mil casos, dos quais 16,2 mil (6%) exigiram internação dos pacientes. Já no segundo momento, entre outubro e fevereiro, mais de 173 mil pessoas foram infectadas, das quais quase 3 mil precisaram de hospitalização.
Na capital cearense, dos 59.237 casos confirmados entre março e setembro do ano passado, 6.664 (11%) foram hospitalizados. Na segunda onda, desde outubro, 67.269 fortalezenses contraíram Covid, e 1.309 deles (1,9%) precisaram de um leito. Todos os dados são do Integra SUS, coletados na tarde de terça-feira (9).
Entre janeiro e fevereiro deste ano, uma a cada cinco pessoas hospitalizadas por Covid evolui para óbito no Ceará. Contando só a Capital, o cerco se fecha: um em quatro pacientes nos leitos não resiste às complicações da doença.