Mortes caem 80% em um mês, mas Ceará registra 2 mil óbitos a mais de Covid-19 em 2021 do que em 2020

O avanço no processo de imunização é fundamental para o controle a longo prazo da pandemia, relata especialista

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
cemiterio
Legenda: Segunda onda de casos foi pior do que a primeira, gerando mais infecções e mortes.
Foto: Thiago Gadelha

Apesar de registrar redução de 80% dos óbitos por covid-19 no último mês, o Ceará já soma 2.104 mortes a mais da doença em 2021 do que em 2020. Até esta sexta-feira (16), foram registrados 12.648 falecimentos decorrentes da Sars-Cov-2 nesse ano. O número foi de 10.544 no ano anterior. As informações são do IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa).

Além disso, as infecções confirmadas pelo coronavírus no Estado também aumentaram no período, passando de 353.325 em 2020 para 554.157 em 2021, um acréscimo equivalente a 56,83%. A situação foi semelhante em Fortaleza, onde os casos foram de 89.157 no ano passado para 163.185 nesse ano (83,03%).

A capital teve ainda a ampliação do número de falecimentos: 4.453 aconteceram em 2020 e 4.921 em 2021. No entanto, desde a semana epidemiológica 19 - entre 9 a 15 de maio desse ano -, tanto Fortaleza quanto o Ceará apresentaram declínio da curva pandêmica.

Segundo a epidemiologista, pesquisadora e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Thereza Magalhães, vários fatores estão associados ao aumento de casos e óbitos nesse ano em comparação ao ano anterior.

“A segunda onda foi maior do que a primeira e o pico dela foi esse ano. [Além disso], os casos da segunda onda se espalharam mais, [principalmente] no interior e lá a estrutura é mais precária. As pessoas talvez tenham circulado mais esse ano também, e o pico da curva do interior e da capital foi muito próximo, gerando maior fila por UTI”, detalha.

Quando se tem uma pandemia, o efeito dos casos nos outros lugares também repercute no nosso lugar, pois não vivemos isolados no mundo. Na segunda onda, a doença já tinha se espalhado e o efeito de controle pela vacina ainda era muito pequeno, porque o percentual de vacinados ainda era muito baixo”
Thereza Magalhães
Epidemiologista e professora da Uece

Proporcionalidade de casos e óbitos

Nesta conjuntura, a infectologista do Hospital São José (HSJ), Melissa Medeiros, reitera que, de fato, houve mais mortes esse ano devido à proporcionalidade de casos. “Foi proporcional porque o número de casos, realmente, ultrapassou e muito esse ano, quase mais que o dobro, então, em número absoluto, o número de mortes seria maior”.

A médica relata também que essa segunda onda refletiu um padrão já visto em outras pandemias, como a da influenza, onde o segundo pico foi maior do que o primeiro. “Possivelmente pela adaptação do vírus, a gente viu que as variantes tinham uma taxa de transmissibilidade muito maior”.

“Uma diferença na evolução da doença, na primeira onda a gente sabia que, em torno de oito a dez dias, você tinha o período inflamatório e nessa segunda a gente percebeu que ele se arrastava um pouco, às vezes no 12º ao 14º dia a gente via uma evolução para complicação”, continua Medeiros.

Os cuidados são necessários

Além disso, a epidemiologista Thereza Magalhães destaca que, com o controle após a primeira onda, a população relaxou mais nos cuidados de prevenção viral. “Várias pessoas tiveram a sensação de que o problema estava resolvido e juntando isso com a presença de variantes, teve-se o cenário ideal para mais casos e óbitos”.

Conforme destaca, a sociedade tinha ainda a falsa ideia de que “a Covid-19 seria uma doença que mataria os idosos, [assim] aumentou o número de mortes em pessoas mais jovens”, mudando o cenário visto até então na primeira onda.

Neste sentido, a professora da Uece considera que o Estado deve continuar investindo para alcançar um maior percentual de vacinados do que de suscetíveis, visto que a possibilidade do surgimento de novas variantes, ainda mais agressivas, podem ocasionar uma terceira onda pandêmica, mesmo que mais amena.

“Continuar seguindo as medidas de proteção viral tem importância fundamental, faremos isso ainda por um bom tempo, vacinados ou não, porque vacinação e pandemia têm efeitos coletivos, então essas medidas continuarão nos acompanhando”, esclarece.

Campanha de Vacinação

Até quarta-feira (14), de acordo com a Secretaria da Saúde, o Ceará aplicou 4.992.922 doses dos imunizantes contra a covid-19. Destes, 3.602.679 foram destinados à D1, 1.253.007 à D2 e 137.236 à dose única. Em Fortaleza, até quinta-feira (15), 1.296.642 vacinas foram aplicadas na primeira dose, 431.890 na segunda e 25.672 na dose única. Os dados são da Prefeitura Municipal.

Covid-19 no Ceará

Segundo o IntegraSUS, o Estado conta com 907.496 casos confirmados de Sars-Cov-2 e 23.192 óbitos até sexta-feira (16). As cidades com maiores incidências por 100 mil habitantes são Moraújo (21.996,8), Frecheirinha (20.977,8), Itaicaba (18.934,5), Acarape (18.675,1), Eusébio (17.949,2), Quixeré (17.481,6) e Redenção (17.340,7).

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