Com 1,6 mil usuários e avanço da fome no Ceará, Restaurante Popular de Fortaleza está sem funcionar

Prefeitura chegou a distribuir marmitas em substituição ao serviço, mas atendimento parou há cerca de dois meses

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Restaurante Popular de Fortaleza, no bairro Parangaba, em funcionamento antes da pandemia
Legenda: Antes da pandemia, restaurante abria às 11h, mas fila para comer já iniciava às 7h
Foto: Fabiane de Paula

A longa fila ao redor do Restaurante Popular de Fortaleza (RP), no bairro Parangaba, já começava a se formar por volta das 7h, antes da pandemia. Por dia, mais de mil pessoas de todos os pontos da cidade compravam almoço, suco e sobremesa a R$ 1 – serviço que foi adaptado em 2020, e hoje está totalmente inativo.

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Em abril e maio de 2020, foram distribuídas marmitas aos cadastrados no RP, ação que logo foi substituída por “entrega de cestas básicas nas residências, para evitar aglomerações”, conforme a Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), gestora do equipamento.

Entre abril e agosto deste ano, durante da “procura muito grande”, a entrega de marmitas retornou, dessa vez de forma descentralizada, nos “pontos com maior concentração de público cadastrado”: os bairros Parangaba, Mondubim, Bom Jardim, Messejana e Centro. Mil “quentinhas” eram entregues aos usuários.

1.609
usuários estão cadastrados, em 2021, para utilização do Restaurante Popular. Ano passado, o número chegou a 1.863; contra 1.300 em 2019.

Há cerca de dois meses, porém, os pontos de distribuição “não estão efetuando atendimento, porque passarão por reestruturação”, segundo a SDHDS. O órgão também reforça que, “no momento, não estão sendo realizados novos cadastros” de usuários.

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Ampliação nunca concretizada

Antes da crise sanitária e socioeconômica que afoga o País, a maioria das pessoas que se alimentavam por meio do Restaurante Popular já era composta por idosos de baixa renda e famílias em situação de vulnerabilidade. 

Em agosto de 2018, a gestão da SDHDS afirmou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que mais dois equipamentos seriam abertos até fevereiro de 2019, um em Messejana e o outro no Centro da cidade: a ampliação, porém, nunca foi concretizada.

Questionada, a secretaria afirma, hoje, que “há, sim, a intenção de ampliar o serviço, mas ainda em análise para possibilidade de execução”. 

Se não fosse esse restaurante, nem sei como seria pra gente, rezo a Deus que nunca acabe. Um real eu peço no sinal e consigo num instante. As outras refeições, se não conseguir, já almoçamos, né?
Márcia Cristina Araújo
Entrevista em 2018. Caminhava do bairro Pan Americano com os 2 netos para comer no RP.

O que fazer para comer?

Famílias que provam o gosto amargo da ausência de alimentação podem recorrer, em Fortaleza, aos Centros POP ou a Refeitório Social da cidade, de acordo com orientação da SDHDS. Nos locais, são fornecidas cerca de 100 mil refeições por mês.

Centros Pop

Unidade Centro – Jaime Benévolo, 1059 – Centro
Unidade Benfica – Avenida da Universidade, 3215 – Bairro Benfica
Horário: 8h às 17h (Segunda a sexta-feira)

Refeitório Social

Rua Padre Mororó, 686 – Centro
Horário: 8h às 17h

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