Casos de Covid em alunos da rede estadual no Ceará em janeiro já superam a soma dos 5 últimos meses

As três semanas iniciais de janeiro já acumulam casos que representam registros acumulados desde a metade de julho de 2021.

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
sala de aula do ensino médio de escola pública
Legenda: De acordo com dados da plataforma IntegraSUS, foram confirmados 1.294 casos em estudantes da rede estadual, responsável por ofertar o Ensino Médio, até o dia 22 de janeiro.
Foto: Foto: Thiago Gadelha

A uma semana do início das aulas, previstas para o dia 31, a rede estadual de educação do Ceará já acumula quase 1.300 casos de Covid-19 em estudantes só nas três primeiras semanas de janeiro. O número representa praticamente a mesma quantidade de registros acumulados desde a metade de julho de 2021.

De acordo com dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), foram confirmados 1.294 casos em estudantes da rede estadual, responsável por ofertar o Ensino Médio, até o dia 22 de janeiro. Entre 11 de julho e 31 de dezembro passados, foram 1.289.

Ainda segundo a plataforma, a maior parte dos alunos contaminados em janeiro é de adolescentes de 15 a 19 anos, com 62% dos registros, seguidos pelos de 20 a 24 anos, com 15%. Fortaleza responde por 413 dos quase 1.300 casos, o equivalente a 31% do total.

O IntegraSUS explica que a contagem é feita a partir do cruzamento de informações contidas nos sistemas de notificação oficiais e na base de dados da Secretaria da Educação (Seduc), “que considera os alunos matriculados na rede pública de ensino”.

A Seduc, por sua vez, informou que “está em processo de mobilização junto às escolas para articular a captação de informações sobre casos de Covid entre estudantes a partir do início do ano letivo”. A Pasta confirmou o início das aulas em 31 de janeiro, de forma presencial, “garantindo todos os cuidados sanitários”. 

300 mil 
alunos estão matriculados para o ano letivo de 2022, de acordo com dados preliminares da Seduc, distribuídos em mais de 730 escolas.

O Governo do Estado também definiu a solicitação do passaporte sanitário, comprovando o recebimento das vacinas, para alunos acima de 18 anos e colaboradores. No entanto, a matrícula deste ano já exigia o cartão de vacinação contra a Covid-19 para estudantes com idade igual ou superior 12 anos.

Ansiedade para o retorno

Em Fortaleza, Caio Andrade, 16, vai cursar o 2º ano do Ensino Médio. A animação de mudar de escola também se mistura ao nervosismo por causa desse novo momento da pandemia. “No ano passado, foi muito rígido, toda a sala ficou separada”, lembra.

Segundo ele, a escola já repassou uma série de orientações sobre o uso de máscaras (inclusive levando reservas), álcool em gel e a própria garrafa d'água. "Espero que os colegas tomem os mesmos cuidados também”, comenta Caio, que já tomou duas doses da vacina e aguarda o reforço.

A imunização também é apontada por Ytallo Sousa, 17, que vai cursar o 3º ano numa escola estadual de Sobral, como uma esperança para que possamos "voltar ao normal" - ou, pelo menos, a uma sociedade livre de máscaras.

As instituições de ensino estão bem organizadas e conseguindo reduzir esses números de pessoas que desrespeitam os cuidados. Agora é ter paciência e esperar o fruto do esforço de muitos, além de incentivar uma minoria (à vacinação) para que possamos passar logo por isso.
Ytallo Sousa
Estudante

Para Ytallo, a volta ao presencial é muito necessária porque percebe “um atraso absurdo” no aprendizado durante mais de um ano de escolas fechadas, já que não as aulas remotas “não suprem todas as nossas necessidades enquanto alunos”.

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Gabriel Monteiro, 16, matriculado no 2º ano da rede estadual em Barbalha, também percebe que os cuidados devem ser dobrados na escola, para onde ele retornou presencialmente em outubro do ano passado, por causa da nova onda de casos neste início de ano.

“Me sinto seguro porque já tomei as duas doses e a nossa escola está adaptada para receber todos com os devidos cuidados. Inclusive, tem um monitoramento para evitar contato entre alunos”, explica.

Visitas serão retomadas

Seguindo outros momentos da pandemia, o Sindicato Apeoc deve voltar a fiscalizar a aplicação “rigorosa” dos protocolos sanitários nas escolas, de acordo com o vice-presidente da entidade que representa trabalhadores da educação, Reginaldo Pinheiro.

Para ele, as aulas estão retornando em um contexto “bem diferente”: embora a variante Ômicron seja altamente transmissível, o professor aponta que a vacinação, os investimentos nas adequações físicas das escolas e nos equipamentos de proteção individual (EPIs) e a mudança de cultura para o convívio com a pandemia podem minimizar os riscos.

“Os protocolos têm sido mais rigorosos e nos dão condições de convívio mais seguro com o vírus. O quadro de adoecimento tem sido muito geral nessas últimas semanas, mas a vacina está dando resposta e a escola é um ambiente relativamente controlado pela exigência do comprovante e do cumprimento do protocolo sanitário”, afirma Reginaldo.

Distribuição de equipamentos

O representante reforça que o Sindicato deve discutir com a Seduc o fornecimento de máscaras PFF2 ou N95 aos professores. Em nota, a Seduc informou que “está adotando as providências para o processo de aquisição” desses materiais para os profissionais.

A Pasta também ressalta ter adquirido EPIs para alunos, professores e demais profissionais da escola. Entre os itens, estão termômetros e mochilas pulverizadoras para desinfecção dos ambientes.

“O planejamento para a volta ao presencial segue as orientações e os protocolos de segurança sanitária do Governo do Ceará. As escolas estaduais podem fazer a aquisição de todos os produtos necessários à higiene, limpeza e proteção no combate à Covid-19”, finaliza, lembrando que as unidades também têm autonomia para realizar adaptações em seus espaços.

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