Desmatamento na Amazônia em outubro atingiu recorde de alertas desde 2015

Área atingida chegou a 904 quilômetros quadrados (km²), segundo o Inpe

Escrito por Redação ,
Vista aérea de parte da floresta amazônica.
Legenda: Desmatamento da Amazônia aumentou, principalmente, após o resultado do segundo turno das eleições gerais de 2022.
Foto: TV Brasil

Em outubro, mês que marcou o segundo turno das eleições gerais no Brasil este ano, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou recorde de alertas de desmatamento na Amazônia, atingindo uma área de 904 quilômetros quadrados (km²), a maior para o mês desde 2015, quando foi iniciada a série histórica do sistema Deter.

A informação foi divulgada pelo O Globo nesta sexta-feira (11). Segundo o jornal, de agosto a outubro deste ano, os alertas acumulados atingiram mais de 4 mil km², 44,65% a mais em relação ao mesmo período em 2021.

Fazem parte da Amazônia os estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Nesses três meses, os estados mais afetados pelos desmatamentos foram o Pará (435 km²), Mato Grosso (150 km²), Amazonas (142 km²), Rondônia (69 km²) e Acre (64 km²).

Veja também

'Corrida' para derrubar floresta

De acordo com o O Globo, com informações do sistema Deter, de janeiro a outubro deste ano, foram destruídos mais de 9,4 mil km² de floresta. Só o Pará perdeu 3,2 mil km² de mata nativa, especialmente nos municípios de Pacajá e Portel. Além disso, houve pressão de criminosos em várias áreas de proteção ambiental no País, como a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, e a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse ao periódico que, neste fim de mandato da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), "há uma corrida de criminosos ambientais para derrubar a floresta, aproveitando o fato de que ainda têm um parceiro sentado na cadeira da presidência da República”.

Queimadas disparam após segundo turno

Segundo levantamento da Organização Não-Governamental (ONG) WWF Brasil, as queimadas dispararam ainda mais na Amazônia depois do segundo turno das eleições, entre os dias 1º e 10 deste mês.

O caso mais grave foi verificado em Rondônia, 1.526 focos de incêndio registrados só nos primeiros dez dias de novembro. Este número, conforme a WWF Brasil, é dez vezes mais alto do que a média registrada neste período do ano entre os anos de 2012 e 2021, de 149 focos.

No Acre, os focos de incêndio chegaram a 882 — 22 vezes acima da média para o início de novembro. Já no Mato Grosso, foram registrados 858 focos, mais de três vezes acima da média. No Amazonas, foram observados 758 focos, quase quatro vezes acima da média.

Veja também

Mariana Napolitano, gerente de ciências da WWF Brasil, reforça que os dados simbolizam uma corrida desenfreada pela devastação. "As queimadas impactam não apenas a floresta, a fauna e as águas, mas também a saúde das pessoas. É urgente que os sistemas de proteção da floresta sejam restabelecidos", ressalta.

Raul do Valle, especialista em políticas públicas da mesma ONG, também acredita que as queimadas estejam explodindo porque "há uma sensação entre os que lucram com a ilegalidade que a janela de oportunidade está se fechando".

Lula na COP27

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi convidado para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27.

Neste ano, o ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito. O encontro de líderes mundiais teve início no último domingo (6) e segue até o próximo dia 18 de novembro.

Há uma expectativa de que, com o retorno de Lula ao comando do Brasil, sejam retomado o protagonismo do País no enfrentamento às mudanças climáticas e na proteção da Amazônia.

 

Assuntos Relacionados
Artur Bruno
23 de Fevereiro de 2021
Priscila Resende
21 de Novembro de 2020
Artur Bruno
01 de Setembro de 2020