FioCruz irá analisar exames de caso suspeito de coronavírus

Conforme o secretário estadual da Saúde, Dr. Cabeto, as amostras devem ser levadas ainda hoje (30). O resultado que confirma ou descarta o caso poderá sair em até 24 horas após a análise dos exames do paciente

Escrito por Renato Bezerra/Felipe Mesquita/Alessandra Castro , metro@svm.com.br

O alerta mundial pelo coronavírus (2019-nCoV) chegou ao Ceará. Em coletiva de imprensa na tarde de ontem, o Ministério da Saúde confirmou a existência de um caso em investigação no Estado, junto a outros oito suspeitos em todo o Brasil. O homem (identidade preservada) que pode ter contraído a doença tem 27 anos de idade, é morador de Sobral, e está internado em um hospital privado no município da Região Norte. 

Segundo o titular da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Dr. Cabeto, as amostras dos exames do paciente deverão ser enviadas hoje (30) ao laboratório da FioCruz, no Rio de Janeiro. A instituição que será responsável por confirmar ou descartar o diagnóstico. “Em tese, é 24 horas depois que as amostras chegam lá”, afirma. 
Em nota, a Pasta comunicou que ele foi medicado, está em observação e em isolamento respiratório, com quadro clínico estável. Não esclareceu, no entanto, o protocolo que define em quanto tempo os testes laboratoriais devem apresentar o resultado. O homem esteve a trabalho na China e retornou ao Brasil há 12 dias já com os sintomas, segundo a Sesa. 

Nenhum caso de coronavírus no Brasil foi confirmado até o momento. O Ceará, no entanto, é o único estado do Nordeste a ter caso em análise. Os demais foram identificados em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), Santa Catarina (2), São Paulo (3) e Paraná (1). Em todas as situações, as pessoas viajaram para a China recentemente. Ainda segundo o Ministério da Saúde, 33 casos foram notificados, mas destes 24 foram descartados.

Procedimentos
A médica infectologista da Sesa, Tânia Coelho, reforça o alerta, mas diz não haver razão para pânico. “É um caso suspeito, ainda, e ele já está em isolamento”, ressalta. Até esse momento, destaca a especialista, para ser considerado suspeito de ter o coronavírus é preciso ter histórico de viagem à China e apresentar febre e sintomas respiratórios. “A gente tem visto pelos dados epidemiológicos que é uma transmissão rápida, por isso precisamos tomar todas as precauções para um quadro gripal como influenza, que é evitar aglomerações, lavar as mãos frequentemente, evitar o contato com pessoas doentes, cobrir o nariz ao respirar”, destaca.

Em relação aos casos graves da doença, segundo a médica, não é possível identificar, neste momento, quais são as condições de risco. “Ainda estão sendo avaliados quais os fatores que levam algumas pessoa a terem os sintomas graves. A gente acredita que sejam os mesmos da influenza, mas ainda é precoce dizer”. 
Conforme nota técnica publicada pela Sesa, ontem, os profissionais de saúde devem comunicar em até 24 horas os casos suspeitos de coronavírus ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS). O documento informa a necessidade da coleta de duas amostras na suspeita de coronavírus e envio com urgência ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen). 

Embora seja natural do Rio de Janeiro, o homem com suspeita de ter contraído o vírus mora em Sobral há, pelo menos, duas décadas. Ele é engenheiro mecânico. Conforme o primo do paciente, ele passou 90 dias a trabalho na China em uma cidade que fica a 800km de Wuhan, epicentro do coronavírus.Ao voltar ao Ceará, procurou uma unidade de saúde por iniciativa própria e orientação da empresa, mesmo sem apresentar sintomas da doença. “Ele não está sentindo nada, nem o menor sintoma. Porém, como de praxe e política da empresa em que ele trabalha, sempre aos retornos é feito uma bateria de exames”, revela o parente.

O paciente está isolado em um leito particular e, conforme o secretário Dr. Cabeto, a transferência já foi autorizada pela Sesa. Ele poderá ser realocado para o Hospital Regional Norte, em Sobral. “Ele vai ser transferido talvez ainda hoje (ontem). Se não hoje, ainda amanhã. Nós já autorizamos, mas não podemos obrigar o paciente”, explica. 

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