O que se sabe até agora sobre o coronavírus, que já contaminou mais de 4,5 mil

Até agora, 106 mortes foram confirmadas. No Brasil, Ministério admite primeiro caso suspeito de contaminação

Escrito por Verônica Prado e Ingrid Campos ,
Legenda: Cobra da espécie 'Bungarus multicinctus', comum na China, é apontada como possível vetor do vírus
Foto: OMS/Divilgação

Com mais de 130 mortes confirmadas e milhares de pessoas infectadas na China e em outros 14 países, o coronavírus está causando pânico mundial. No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou, nesta quarta-feira (29), nove casos suspeitos da doença. O Ceará está entre eles com um caso suspeito.

Luiz Henrique Mandetta recomendou que brasileiros só viajem à China em caso de necessidade.

"A gente sabe que é um vírus, um vírus novo. O equilíbrio desse vírus com o organismo das pessoas não está bem-esclarecido. Ele guarda letalidade. Então, não é recomendável que a pessoa se exponha a uma situação dessa e depois retorne ao Brasil e exponha mais pessoas." 

O que são

Os coronavírus (CoV) são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Algumas variações do coronavírus podem causar síndromes respiratórias mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Conhecida tecnicamente como 2019-nCoV, ainda não está claro como ocorreu a mutação que permitiu o surgimento do novo vírus. Também não há estatística do tipo e nem da taxa de letalidade. Além disso, os cientistas ainda não estudaram se o 2019-nCoV gera uma resposta imune definitiva ou se uma pessoa pode ser infectada mais de uma vez. 

Desconhecida da comunidade médica, a nova variação do coronavirus já causou a morte de 106 pessoas, infectou mais 4,5 mil pessoas na China e em outros 14 países. 

Origem

O 2019-nCoV ataca gravemente o sistema respiratório e se espalhou a partir da região de Wuhan, metrópole chinesa com 11 milhões de habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu o primeiro alerta para a doença em 31 de dezembro de 2019, depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan. Em 9 de janeiro, um homem de 61 anos morreu na cidade chinesa. O paciente foi hospitalizado com dificuldades de respiração e pneumonia grave, e morreu após uma parada cardíaca. 

Como a epidemia estava atingindo pessoas que tiveram alguma associação a um mercado em Wuhan, especialistas começaram a considerar que a transmissão dessa variação tenha ocorrido pelo contato de humanos com carne de animais silvestres. Uma espécie de cobra chinesa (Bungarus multicinctus) utilizada no preparo de sopas na região pode ter sido o agente transmissor. 

Casos no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou, nesta quarta-feira (29), nove casos suspeitos da doença. O Ceará está entre eles com um caso suspeito. Na terça-feira (28) a classificação de risco do Brasil passou para o nível 2, que significa "perigo iminente". Até segunda-feira (27) o País estava em nível 1 de alerta. 

Estados com casos suspeitos

  • MG: 1
  • RJ: 1
  • SC: 2
  • SP: 3
  • PR: 1
  • CE: 1

Dados do coronavírus no Brasil

  • 33 notificações
  • 9 casos suspeitos
  • 0 casos prováveis e confirmados
  • 4 casos descartados
  • 20 excluídos

Transmissão

A transmissão de pessoa para pessoa do vírus foi "provada". O que ainda precisa ser esclarecido, de acordo com o infectologista Leonardo Weissmann, é a capacidade de transmissão. "O vírus é da mesma família dos coronavírus, mas, por ser novo, não se sabe quão contagioso ele é. Sabemos só que as pessoas foram até o mercado da China. Mas qual é o nível de contágio? Pode ser só via aérea, secreções?", questiona.

Entre as recomendações para a prevenção de transmissão do vírus os especialistas apontam cuidados básicos, como manter as mãos sempre limpas, lavando-as com frequência; cobrir a boca e o nariz ao espirrar; e cozinhar bem carnes e ovos.


Sintomas

Foram identificados sintomas como febre, tosse, dificuldade em respirar e falta de ar. Em casos mais graves, há registro de pneumonia, insuficiência renal e síndrome respiratória aguda grave.

Vacina

Ainda não há vacina disponível. A Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) – grupo internacional para o controle de doenças – anunciou um fundo para apoiar três programas de desenvolvimento de vacinas contra o 2019-nCoV, o novo coronavírus. A Rússia também informou que busca uma vacina para o vírus. Um grupo de cientistas americanos anunciou que deve começar a testar as vacinas em três meses.

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