Como são as populações indígena e quilombola de sua cidade? Veja o que diz o IBGE sobre o Ceará

Explore mapas e veja como esses povos tradicionais estão presentes nos municípios cearenses, segundo o Censo 2022

Escrito por Redação ,
Três mulheres quilombolas
Foto: Helene Santos

Os resultados do novo módulo do Censo Demográfico 2022 foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (3), na Comunidade Quilombola Campinho da Independência, em Paraty (RJ). A publicação traz características das populações indígena e quilombola por sexo e idade em todo o Brasil. Com essas informações, o Diário do Nordeste preparou mapas que mostram a distribuição desses povos tradicionais nos municípios cearenses.

O órgão revela, por exemplo, que há mais mulheres do que homens entre indígenas, enquanto entre quilombolas esse número é praticamente igual, quando se considera essas populações na totalidade. Porém, esse perfil varia pelas cidades cearenses.

Itarema, no Litoral Norte, é o município que apresenta maior excedente de homens em relação às mulheres (143 a mais), seguida por Carnaubal (54 a mais). Já em Fortaleza e em Caucaia ocorre o contrário. Na Capital, são 2.718 mulheres indígenas e 2.244 homens (474 a menos). Na cidade da Região Metropolitana, que concentra o maior número absoluto de indígenas, as mulheres também são maioria.

Além disso, o IBGE também calculou a razão de sexo, indicador que representa o número de homens em relação a um grupo de 100 mulheres em determinada população. Quando esse índice for maior que 100, há um número maior de homens, enquanto um número abaixo de 100 indica maior presença de mulheres.

Segundo o Instituto, os maiores valores da razão de sexo são encontrados em Carnaubal (113,3) e Itarema (105,7). Por outro lado, é na Capital onde está o menor índice (82,5), onde foram identificadas 100 mulheres indígenas para cada 82 homens indígenas.

Quanto à razão de sexo entre os quilombolas, o IBGE destaca os maiores valores em Pacatuba (200), Marco (200), Juazeiro do Norte (200), Itaitinga (178,9) e Sobral (163,1).

Essa população está distribuída em 68 cidades do Estado, e a quantidade de mulheres é maior em 28 deles, com destaque para Tauá, no Sertão dos Inhamnuns. Nessa cidade, há 485 homens e 590 mulheres (105 a mais). No outro extremo está Novo Oriente, no Sertão dos Crateús, com 71 homens a mais. Explore o mapa abaixo para ver as informações nos demais municípios.

Populações mais jovens

Outro conceito utilizado pelo IBGE é a idade mediana, que divide a população em duas partes iguais, separando a metade mais jovem da metade mais velha. No evento de lançamento dos dados, a coordenadora Técnica do Censo Demográfico da Diretoria de Pesquisas, Marta Antunes, afirmou que esse índice “resume a ideia do peso da população jovem em um grupo populacional”. A idade mediana da população residente do Ceará como um todo é de 33 anos.

Nos quilombolas, a idade que divide a população mais jovem da mais velha é de 30 anos, três a menos. Esse índice é diferente entre os quilombolas que moram em Territórios Quilombolas oficialmente delimitados ou fora deles. Nos residentes de territórios oficiais a idade mediana é ainda mais baixa: 28 anos. Entre os residem fora deles a idade mediana é de 31 anos.

Considerando o indicador nos municípios, a idade mediana dos quilombolas varia entre 18 — em Aurora — e 67 anos — em São Gonçalo do Amarante.

O IBGE destaca que, nos quilombolas do Ceará, há uma predominância de homens até os 50 anos de idade e de mulheres a partir dos 55 anos. “Isso difere do que se observa no cenário do País, onde se constata uma predominância masculina até os 29 anos de idade e feminina a partir dos 30 anos”, aponta.

Já entre indígenas do Ceará a idade mediana é de 31 anos, dois anos abaixo do indicador para total de residentes do Estado e seis anos superior ao índice para todos os indígenas do Brasil (25 anos).

Observando a diferente desse indicador em municípios com pelo menos 30 indígenas, o menor valor (27 anos) foi observado em Acaraú, Carnaubal, Catunda, Itapipoca, Quixeramobim e São Benedito. Já as idades medianas mais elevadas foram contabilizadas em Ipueiras (49 anos), Paracuru (46 anos) e Santana do Acaraú (43 anos) e Limoeiro do Norte (43 anos).

A idade mediana também é mais baixa entre indígenas que residem em Terras Indígenas oficialmente declaradas. Nesse caso, ela é de 26 anos — 7 anos abaixo da idade mediana a população residente no Ceará. Fora de Terras Indígenas a idade mediana é de 33 anos, semelhante à do total de residentes no Estado.

Nessa população, há mais homens até os 29 anos de idade e mais mulheres a partir dos 30 anos, conforme o Instituto. “O maior contingente de homens tende a diminuir com a idade devido à sobremortalidade masculina, fenômeno identificado na população residente no Ceará (nesse caso a partir dos 19 anos de idade) como relacionado às mortes por causas externas”, diz o IBGE.

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