Testemunhas relatam que viram idoso 'totalmente imóvel' a caminho de banco
Depoentes alegaram não ter notado qualquer sinal de vida enquanto 'tio Paulo' era conduzido em uma cadeira de rodas por Érika de Souza Nunes
O idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, que morreu ao ser levado para um banco, onde faria um empréstimo de R$ 17 mil, em 16 de abril, estava "totalmente imóvel" antes da chegada à agência, conforme depoimentos de três testemunhas à polícia. As informações são do Uol.
Os depoentes relataram que não tinham certeza de que Paulo estava morto. No entanto, eles confirmaram não ter notado qualquer sinal de vida enquanto o idoso era conduzido em uma cadeira de rodas por Érika de Souza Nunes, que afirma ser sobrinha e cuidadora dele. Ela está presa em flagrante desde então.
As declarações são de um casal que viu o idoso no estacionamento do shopping onde fica a agência bancária. O outro relato é da gerente de uma empresa de crédito que fica próxima ao local, onde Érika e Paulo estiveram minutos antes para tentar um empréstimo.
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Segundo a funcionária da empresa de crédito, o idoso estava "totalmente imóvel e com a cabeça para trás". No momento, Paulo estava "com os olhos fechados e com a boca aberta", ressaltou.
No mesmo sentido, o casal alegou que o idoso "estava com os olhos e bocas abertos e não se mexia". Segundo eles, Érika teria ajeitado os braços de Paulo em cima das pernas dele, "mas em nenhum momento Paulo apresentava reação ou qualquer movimento com o corpo."
O motorista de aplicativo que transportou Érika e Paulo disse que o idoso estava vivo no carro durante o deslocamento. Mas o delegado Fábio Souza, responsável pelo caso, avalia que as demais testemunhas e as provas apontam que ele já havia morrido pelo menos 40 minutos antes de entrar no banco.
“Não há dúvidas que Érika sabia da morte de Paulo, mas como era a última chance de retirar o dinheiro do empréstimo, entrou com o cadáver no banco, simulou por vários minutos que ele estava vivo, chegando a fingir dar água, pegou a caneta e segurou com sua mão junto a mão do cadáver de Paulo”, declarou o delegado.
DEFESA
A advogada que representa Érika no caso disse que espera provas conclusivas após a perícia. Ela destacou que há testemunhas que viram o idoso com vida.
“As provas produzidas na fase do inquérito policial serão confrontadas em juízo e ainda há depoimentos em aberto. Essas provas estarão sujeitas ao contraditório e à ampla defesa”, afirmou a advogada Ana Carla de Souza Corrêa, que integra a defesa de Érika de Souza.
RELEMBRE O CASO
Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, foi presa em flagrante após levar o idoso, a quem chama de "tio", a uma agência bancária para sacar um empréstimo. O óbito do homem ser constatado no local. Ela passou por audiência de custódia nesta quinta-feira (18) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
A mulher é acusada de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver. Érika alega que o homem estava vivo quando chegou à instituição bancária. O médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que foi chamado por funcionários do banco para atender ao homem, atestou, no entanto, que ele já estava morto há algumas horas.
As imagens do momento repercutiram nas redes sociais e causaram espanto. Érika surge ao lado do idoso, que estava em uma cadeira de rodas, movimentando-o e pedindo para que ele assinasse um documento que aprovava a liberação de R$ 17 mil. Enquanto a mulher se esforçava para concluir o processo, agentes bancários se espantavam com a inércia do "tio".
A mulher, que informou à polícia ser cuidadora e sobrinha de Paulo, chega a dizer que ele "era assim mesmo". Ao perceberem que havia algo errado com a situação do homem, os funcionários chamaram o Samu.
A morte foi constatada por volta das 15h20, e o laudo, concluído na noite de quarta (17), aponta que o óbito ocorreu entre 11h30 e 14h30 da terça, por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca.