Mortes de Dom Philips e Bruno Pereira foram motivadas por 'atividades fiscalizatórias', conclui PF

Corporação finalizou a investigação sobre o duplo homicídio ocorrido em junho de 2022

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(Atualizado às 10:32)
Colagem de imagens de Dom Phillips e de Bruno Pereira. Mortes de Dom Philips e Bruno Pereira foram motivadas por 'atividades fiscalizatórias', conclui PF
Legenda: Apuração da autoridade durou mais de dois anos
Foto: reprodução/TV Globo

A Polícia Federal (PF) divulgou, nesta segunda-feira (4), que encerrou o inquérito sobre as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, registradas em 5 de junho de 2022, nas proximidades da terra indígena Vale do Javari, circunscrição de Atalaia do Norte, no Amazonas. A investigação, concluída na última sexta-feira (1º), indicou que o duplo homicídio foi motivado pelas "atividades fiscalizatórias" promovidas pelo brasileiro na região. 

Ao longo dos dois anos de apuração, a corporação promoveu o indiciamento de nove investigados. No relatório final, a autoridade indicou Rubens Villar Coelho, mais conhecido como "Colômbia", como o mandante do duplo homicídio, sendo ele quem forneceu os cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e interviu para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas.

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O indivíduo está preso desde dezembro de 2022, acusado de ser mandante do crime, e responde na Justiça Federal por um processo no qual é acusado de liderar a pesca ilegal no Vale do Javari. Na época, a detenção foi decretada porque "Colômbia" descumpriu as condições da liberdade provisória. 

Os demais oito indiciados no caso tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas. 

O inquérito revelou, ainda, a atuação da criminalidade organizada na região de Atalaia do Norte (AM), ligada à pesca e caça predatórias. A ação do grupo criminoso gerou impactos socioambientais, causou ameaças aos servidores de proteção ambiental e as populações indígenas.

Reforçando o compromisso com a segurança e proteção do meio ambiente e dos direitos indígenas, a Polícia Federal informou nesta segunda que continua monitorando os riscos aos habitantes da região do Vale do Javari, bem como possui investigações em andamento acerca de ameaças contra indígenas que residem na localidade.

Relembre os assassinatos

Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do País, com mais de 8,5 milhões de hectares.

Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.

O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região. A informação foi confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre a denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) — entidade mantida pelos próprios indígenas da região.

Entre as missões dele, estava a de impedir a caça e a pesca ilegal na reserva, bem como outras práticas criminosas. A Terra Indígena do Vale do Javari concentra o maior número de indígena isolados ou de recente contato do planeta e qualquer aproximação com não indígena pode desencadear um processo de extermínio desses povos, seja pela disseminação de doenças ou enfrentamento direto. 

Segundo um dos autores do crime, a motivação do assassinato de Bruno e Dom teria sido justamente a atuação deles na denúncia de acesso e exploração ilegal da reserva. A PF chegou a dizer que não haveria mandantes nem participação de organizações criminosas. A conclusão, no entanto, foi rechaçada pela Univaja, que, em nota, informou terem sido repassados dados sobre organizações criminosas que estariam atuando na região.

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