‘Colômbia’ foi mandante de assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, aponta PF

O especialista indígena brasileiro e o jornalista britânico Dom foram mortos na região da reserva indígena do Vale do Javari

Escrito por Redação ,
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Legenda: A morte de Bruno Pereira e Dom Phillips reacendeu críticas ao Governo Bolsonaro diante do aumento de invasões em terras indígenas e desmatamento da Amazônia
Foto: Nelson Almeida/AFP

A Polícia Federal apontou que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, foram encomendados por Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. O resultado da investigação foi compartilhada nesta segunda-feira (23), conforme o jornal O Globo.

Os dois desapareceram no dia 5 de junho de 2022. Phillips, de 57 anos, e Pereira, de 41, foram mortos a tiros quando voltavam de uma expedição no Vale do Javari, em uma área remota da Amazônia.

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"Não tenho dúvida que o mandante foi o Colômbia. Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo", declarou o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Fontes.

O 'Colômbia' está preso desde dezembro, acusado de ser mandante do crime, e responde na Justiça Federal por um processo no qual é acusado de liderar a pesca ilegal no Vale do Javari.

A prisão foi decretada na época porque 'Colômbia' descumpriu as condições da liberdade provisória. 

Entenda os assassinatos

Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos pela última no dia 5 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.

Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.

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O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região. A informação foi confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre a denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) - entidade mantida pelos próprios indígenas da região.

Entre as suas missões, estava a de impedir a caça e a pesca ilegal na reserva, bem como outras práticas criminosas. A Terra Indígena do Vale do Javari concentra o maior número de índios isolados ou de recente contato do planeta e qualquer aproximação com não índios pode desencadear um processo de extermínio desses povos, seja pela disseminação de doenças ou enfrentamento direto. 

Segundo um dos autores do crime, a motivação do assassinato de Bruno e Dom teria sido justamente a atuação deles na denúncia de acesso e exploração ilegal da reserva. A PF chegou a dizer que não haveria mandantes nem participação de organizações criminosas. A conclusão, no entanto, foi rechaçada pela Unijava, que, em nota, informou terem sido repassados dados sobre organizações criminosas que estariam atuando na região.

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