Mãe de Henry Borel relata ciúmes e agressões de Jairinho: 'ele batia e depois vinha um afago'
Monique promete dizer a verdade sobre o caso durante quarta audiência marcada para ouvir envolvidos no crime da morte do menino
Durante depoimento à juíza Elizabeth Machado Louro, Monique Medeiros relatou que costumava vivenciar episódios de agressões e de ciúmes por parte do ex-companheiro, Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho.
A declaração foi dada durante a quarta audiência de instrução do caso da morte do menino Henry Borel, nesta quarta-feira (9), pela qual Monique e Jairinho são réus. As informações são do portal g1.
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“Ele batia e depois vinha um afago”, relatou, ao recordar a dinâmica entre eles após começar a sofrer violências, em janeiro de 2021.
Segundo a mãe da criança, o primeiro caso aconteceu após o ex-vereador pular o muro da casa dos pais dela, desbloqueado seu celular e visto a conversa dela com Leniel - o pai de Henry.
“Acordei sendo enforcada por ele na cama ao lado do meu filho. Eu nem sabia o motivo. Ele jogou o celular em mim e falou. ‘Você está dando mole para o seu marido’. Eu o chamava de 'Lê', ele me chamava de 'Nique'. Esse era o grande problema da história.”
Depois da briga entre eles, Jairinho mandou um buquê de flor e uma caixa de chocolate com um pedido de desculpas de 20 em 20 minutos para a casa dela. “Ele batia e depois vinha um afago”, definiu.
Em seu depoimento, a mãe de Henry iniciou a fala descrevendo o filho, chamando a criança de dócil, carinhosa, inteligente e feliz. "Ele foi a criança mais maravilhosa que eu já tive o prazer de conhecer. Meu filho era realmente uma criança especial, ele era realmente um anjo”, relatou Monique, chorando.
Crises de ciúme
Ela abordou os episódios de ciúmes de Jairinho, que apresentava mudanças de humores no cotidiano. Ele pediu que Monique apagasse fotos que considerava "não apropriadas" do Instagram e demitisse o seu personal trainer e preparador físico.
O ex-companheiro chegou a infiltrar um empregado na academia a fim de vigiar Monique e tirar uma foto da roupa de ginástica que ela usava.
"Resolvi contratar um professor de futevôlei, e ele não aceitou porque era um homem. Também falou para eu trocar de academia, porque tinha muito jovem”
Além disso, passou a desconfiar do trabalho de Monique, que ficava em uma área com um sinal de telefonia ruim. “Ele tinha a localização do meu celular, porque, já que a gente não conseguia se ver, ele queria ter um pouco de controle do que eu estava fazendo”, explicou.
Por conta da insistência de Jairinho para que ela trabalhasse em um "local mais apropriado", Monique foi trabalhar no Tribunal de Contas do Município.
Esse controle foi comentado durante uma conversa entre eles. “Jairinho disse que era muito controlador. Ele disse que nos outros relacionamentos ele também era assim. Ele sempre tinha um motivo para me culpar”, colocou.
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Depoimento de Jairinho
Em depoimento breve e anterior ao da ex-namorada, o ex-vereador negou ter agredido o enteado. “Por Deus, nunca encostei uma mão num fio de cabelo do Henry”, disse.
Jairinho solicitou a produção de provas técnicas antes de poder falar em autodefesa, sem as quais não falaria mais sobre a morte de Henry. Dentre documentos solicitados estavam: imagens de câmeras do hospital para onde Henry foi levado, do raio-x do menino e do prontuário médico,
A magistrada afirmou que só no momento de uma possível pronúncia, como a confirmação do julgamento, que essas provas poderiam ser pedidas. Então, o réu permaneceu calado e acabou dispensado. A defesa pediu a suspensão da transmissão do depoimento de Jairinho, concedida pela juíza.
Entenda o caso
Desde 8 de abril, Monique e Jairinho estão presos acusados pela morte do menino Henry Borel. As investigações apontam que a criança morreu após agressões do padrasto e pela omissão da mãe.
Henry tinha pelo menos 23 lesões por 'ação violenta' no dia de sua morte, segundo laudo divulgado. O ex-vereador teve um pedido de habeas corpus negado pelos desembargadores da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
A professora entrou com um pedido de relaxamento de prisão no Supremo Tribunal Federal (STF)
Jairinho foi denunciado por:
- homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima), com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos;
- tortura;
- coação de testemunha.
E Monique foi denunciada por:
- homicídio triplamente qualificado na forma omissiva imprópria, com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos;
- tortura omissiva;
- falsidade ideológica;
- coação de testemunha.