Filha de síndico faz vídeos com ataques racistas: 'Se os pretos fossem inteligentes, eles não seriam escravos, né?'

Ofensas foram dirigidas a uma outra moradora do condomínio, que também é menor de idade

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(Atualizado às 19:46)
Caso é investigado pelo 19º Distrito Policial (Vila Maria) de São Paulo
Legenda: Caso é investigado pelo 19º Distrito Policial (Vila Maria) de São Paulo
Foto: Reprodução/Google Maps

A Polícia Civil de São Paulo apura a denúncia dos pais de uma menina negra de 12 anos que foi vítima de racismo, gordofobia e xenofobia em um condomínio na Zona Norte da Capital paulista. As ofensas foram proferidas pela filha do síndico do residencial.

Em vídeos compartilhados no grupo de WhatsApp de moradores do condomínio, a criança, de 11 anos, pronuncia diversos insultos e chega a sugerir que a vítima deveria esfolar a pele até ficar "branquinha" e "mais bonita". Conforme as gravações obtidas pela GloboNews, em outro trecho, ela confirma que as ofensas são direcionadas à garota negra. 

Em um dos registros, a menina insinua que a capacidade cognitiva de pessoas negras levou à escravidão. “Sabe aquela descrição loira burra? Eu acho que não é. Eu acho que preto é mais burro que loiro. Porque se os pretos fossem inteligentes, eles não seriam escravos, né? Eles seriam quem escraviza”, afirmou.

A filha do síndico também diz que tem “nojo de pretos”. "Pretos são ridículos e pretos deviam todos morrer, o sangue deles deve ser mais escuro que o nosso, gente escura dá nojo, eu tenho nojo de gente escura", insultou. Nos vídeos, ela proferiu, ainda, ataques gordofóbicos e xenofóbicos.

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Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a investigação está a cargo do 19º Distrito Policial (Vila Maria), que apura o crime de injúria racial. "As partes serão notificadas para a realização de oitivas. Diligências prosseguem para o esclarecimento dos fatos", complementou a Pasta.

PAIS PEDEM RESPONSABILIZAÇÃO

Representante da família da vítima, o advogado Diego Moreiras explicou que vai solicitar na Justiça que a autora das ofensas passe por acompanhamento psicológico e orientação, como preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

A medida é um caminho para o caso já que, por envolver uma criança com menos de 12 anos, a legislação não prevê a responsabilização criminal ou enquadramento por ato infracional da menina. No entanto, o advogado defende que os pais dela foram negligentes e devem responder na esfera cível e criminal.

“É necessário que nós tomemos as medidas para que essa situação não ocorra novamente, para que hoje as pessoas entendam que em pleno século 21 tem punição e que as atitudes têm consequências. Então é necessário que busquemos as autoridades públicas a fim de conscientizar toda a sociedade em relação a gravidade desses atos”, defendeu Moreiras.

Os pais da vítima relataram, ainda, que o acolhimento e o pedido de desculpas não foram imediatos por parte do síndico. Além disso, eles avaliam que as medidas tomadas não são suficientes para evitar novos casos. 

Dias depois do episódio, o síndico chegou a publicar uma mensagem no grupo do condomínio lamentando o ocorrido e se retratando sobre o ato praticado pela filha. Ele disse ainda que não concorda com as ofensas.

"Nós estamos arrasados como pais e acho que falhamos em algum momento", escreveu o pai da garota, na oportunidade. Ainda não houve outra manifestação dos responsáveis acerca do caso.  

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