Ex-mulher de Bolsonaro queria 'escravizar' funcionário, alega ex-empregado doméstico
Ana Cristina Siqueira Valle foi denunciada por ex-funcionário ao Ministério Público do Trabalho
Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-empregado doméstico da advogada Ana Cristina Siqueira Valle, segunda esposa de Jair Bolsonaro, afirmou que a patroa "queria escravizá-lo". Ele foi funcionário da ex-mulher do presidente nos últimos cinco anos e a denunciou ao Ministério Público do Trabalho (MPT), no Distrito Federal. As informações são do portal UOL.
Conforme a coluna da jornalista Juliana Dal Piva, após mudança de Ana Cristina para Brasília, ela e o ex-funcionário negociaram a continuidade do trabalho. Entretanto, após um mês de mudança, ela se recusou a pagar o combinado, de acordo com Marcelo Nogueira.
A proposição da patroa foi de que morasse na casa dela, uma mansão de R$ 3,2 milhões, em vez da própria residência, com salário abaixo do acordado inicialmente. Ainda segundo ele, a carteira de trabalho dele nunca foi assinada por Ana Cristina.
Antes de trabalhar para a advogada, ele cuidou de Jair Renan Bolsonaro, filho "04" do presidente, e foi assessor do senador Flávio Bolsonaro no seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ele era considerado um "pai" entre os filhos da ex-esposa de Bolsonaro.
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Além dos direitos trabalhistas do período trabalhado em Resende (RJ), o trabalhador pretende ainda ingressar com uma ação na Justiça por danos morais contra a ex-esposa de Bolsonaro.
'Praticamente' racista
Marcelo Nogueira considera que Ana Cristina foi "praticamente" racista com ele. "Ela falava: 'Você tá fazendo questão, mas não vai ter nem gasto, vai tá morando na minha casa'. Eu falava que 'não sou seu escravo não, não trabalho pra morar na casa de ninguém não'", relatou ele.
"A gente trabalha pra ter nossas coisas, sou igual todo mundo, não porque sou preto que vou ficar em casa de patrão não. Ela queria me escravizar, né?", questiona o ex-funcionário. "Ela me viu como o quê? Só porque eu era preto".
Laranjas
O ex-empregado afirma que a ex-esposa de Bolsonaro usou laranjas para ocultar a compra do imóvel. Ainda conforme a coluna do UOL, Ana Cristina alugou a casa de um homem que comprou a propriedade por R$ 2,9 milhões — cerca de R$ 300 mil abaixo do valor avaliado da casa — dias antes da mudança.
O dono da residência, o corretor Geraldo Antônio Machado, vive em outro imóvel, uma construção modesta num condomínio em Vicente Pires, região administrativa de classe média no Distrito Federal, a 30 quilômetros (km) do local.
"Ela comprou aquela mansão lá, e eu [era] o único funcionário: lavando, passando e cozinhando. Fazendo tudo naquele casarão todo. Não sei por quê, se ela não tinha o dinheiro para me pagar tudo, como que ela ia contratar outros empregados naquela casa. Ela queria me escravizar", comentou ele à coluna.
Outras residências com tamanho aproximado à de Ana Cristina são alugadas na mesma quadra, no Lago Sul, por cerca de R$ 15 mil. A advogada é assessora da deputada federal Celina Leão (PP-DF) e possui um salário líquido de R$ 6,2 mil. Nem ela, nem o corretor quiseram revelar o valor do aluguel.
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De acordo com dados da escrita da casa no Lago Sul, Machado pagou uma entrada de R$ 580 mil, "com recursos próprios", e financiou o restante, R$ 2,32 milhões, no Banco de Brasília (BRB). A mesma instituição financiou a mansão do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho de Bolsonaro, no total de R$ 6 milhões neste ano.
Se o corretor pagar a prestação do financiamento em dia, pela negociação feita com o BRB, a parcela custa, ao todo, R$ 14.844,11.
Ao portal Metrópoles, a defesa de Flávio Bolsonaro diz desconhecer o teor das declarações do ex-assessor.