Brasil é 3º em ranking de assassinatos de ativistas ambientais em 2019
Os dados de 2019 deixam o Brasil atrás apenas das Filipinas (43 mortes) e da Colômbia (64 mortes)
Com 24 assassinatos, o Brasil aparece em 3º lugar no ranking de países que mais mataram ativistas ambientais em 2019, segundo o relatório anual da ONG Global Witness, que registrou 212 assassinatos de defensores ambientais no último ano em todo o mundo -o pior índice já registrado pelo relatório.
O Brasil subiu uma posição no ranking. Em 2018, o país havia ficado em quarto lugar, tendo registrado 20 assassinatos de ativistas.
Os dados de 2019 deixam o Brasil atrás apenas das Filipinas (43 mortes) e da Colômbia (64 mortes).
O contexto filipino tem se tornado mais fatal para os ativistas, com a criminalização de protestos e dos defensores ambientais, rotulados como rebeldes e terroristas. Foi ainda o país com mais assassinatos ligados a conflitos com o setor da mineração (16), que também figura como o setor mais ligado à morte de defensores ambientais no mundo - foram 50 assassinatos em 2019.
Já a Colômbia fica no topo do ranking com quase um terço dos assassinatos globais, em um contexto de violência crescente nos últimos anos, marcados pelo pós-conflito com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O relatório aponta que a América Latina ocupa o topo do ranking desde que a pesquisa foi iniciada, em 2012.
Em 2019, a região amazônica foi palco de 33 mortes de ativistas. Quase 90% desses assassinatos no Brasil também aconteceram na região.
Um desses conflitos na Amazônia resultou no assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, de 26 anos, em um confronto com madeireiros na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. O Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), registrou seis assassinatos de indígenas do povo Guajajara em 2019.
Segundo a Global Witness, os principais fatores para a violência contra ativistas no país foram o conflito por terras e a grilagem, seguidos de conflitos em torno de água, construção de barragens e mineração.
O relatório também destaca o assassinato de Demilson Ovelar Mendes, indígena do povo Avá Guarani, cujo corpo foi encontrado em uma plantação de soja a poucos quilômetros da comunidade onde vivia, no estado do Paraná.
"Em nenhum lugar essas questões são mais aparentes do que no Brasil. As políticas agressivas do presidente Bolsonaro para expansão do agronegócio e da mineração na Amazônia têm tido grave consequências para as populações indígenas", diz o relatório.
"O presidente está fazendo o possível para travar uma guerra contra os direitos humanos e o meio ambiente - exatamente o que os defensores da terra e do meio ambiente do Brasil estão lutando para defender", conclui a Global Witness.
O relatório ainda alerta que o período de pandemia tem tornado a situação dos defensores ambientais ainda mais vulnerável, "com o uso da Covid-19 como pretexto para encerrar protestos".
No fim de março, foi registrado mais um assassinato de uma liderança da terra indígena Arariboia (MA), o professor indígena Zezico Rodrigues Guajajara.