Bolo envenenado teve arsênio colocado na farinha, diz Polícia; suspeita é nora de mulher que preparou a comida
Mulher presa foi identificada como Deise Moura dos Anjos, nora da mulher que preparou a sobremesa
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou, nesta segunda-feira (6), que a causa da morte de três pessoas da mesma família na cidade de Torres, no litoral do Estado, foi envenenamento por arsênio e que a substância foi colocada na farinha usada para preparar a sobremesa.
O resultado da perícia apontou que a quantidade de arsênio na farinha era de 65 gramas por quilograma, cerca de 2,7 mil vezes mais do que a concentração do veneno encontrada no bolo.
Nesse domingo (5), a suspeita de envenenar o bolo foi presa temporariamente. Ela foi identificada pela Justiça como Deise Moura dos Anjos e é nora de Zeli dos Anjos, 60, a mulher que preparou a comida.
Zeli permanece internada na UTI. Deise está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres. O delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, disse na coletiva de imprensa haver provas robustas que apontam Deise como a autora do crime, embora não tenha dado detalhes. A motivação também não foi revelada. "Ela teve a intenção de cometer o crime. Foi um crime doloso", afirmou o delegado Veloso.
A investigação ainda tenta identificar quem era o alvo do crime, como a suspeita obteve arsênio e em que momento ele foi colocado na farinha.
"Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas. Tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior", disse a diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Mittman, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
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Relembre o caso
O caso ocorreu no dia 23 de dezembro de 2024, quando a família, que morava em Torres, se reuniu para comer um bolo que já fazia parte da tradição natalina da casa.
Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ao provarem o bolo, os familiares perceberam que o gosto do alimento estava estranho, com "sabor apimentado e desagradável". Ao perceber que algo estava errado, Zeli dos Anjos, que cozinhou o bolo, ordenou que os parentes parassem de comer.
Irmã de Zeli, Neuza Denize da Silva dos Anjos, 65, morreu no mesmo dia, por choque após intoxicação alimentar. No dia seguinte, a terceira irmã, Maida Berenice Flores da Silva, de 58 anos, e a filha dela, Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43, também faleceram.
Outras duas pessoas – Zeli e uma criança de dez anos – também chegaram a ser internadas, mas não correm risco de vida. A criança teve alta na última sexta-feira (3). Já a mulher que sobreviveu segue na UTI, mas com quadro estável. O marido de Maida também chegou a ser hospitalizado, mas teve alta pouco tempo após o incidente.
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