Surto de vírus Marburg é registrado na Guiné Equatorial; entenda a doença

É a primeira vez que o país africano registra o patógeno

Escrito por Redação ,
Equipamento de proteção
Legenda: Vírus da família do ebola matou nove pessoas na Guiné Equatorial
Foto: Reprodução/OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, nessa segunda-feira (13), que o vírus Marburg, que pertence à mesma família do ebola, foi confirmado em surto que já matou pelo menos nove pessoas na província de Kie Ntem, no Oeste da Guiné Equatorial. As informações são do jornal O Globo

É a primeira vez que o país africano registra o patógeno. No ano passado, Gana registrou as primeiras infecções pelo vírus. Segundo a OMS, a letalidade do agente infeccioso pode chegar a 88% dos casos

Veja também

Análises de amostras enviadas pelas autoridades de saúde para um laboratório de referência do Instituto Pasteur em Senegal comprovaram a presença do vírus. Além das mortes registradas, entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, há 16 casos suspeitos com sintomas como febre, vômito com sangue, diarreia e fadiga sendo monitorados.

Contatos dos infectados e dos casos suspeitos estão sendo isolados e acompanhados pelas autoridades de saúde. A OMS enviou especialistas ao local para ajudar na resposta ao surto.

“Marburg é altamente infeccioso. Graças à ação rápida e decisiva das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência pode atingir todo o vapor rapidamente para salvarmos vidas e determos o vírus o mais rápido possível”, disse o Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África, em comunicado.

Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde da Guiné Equatorial, Mitoha Ondo'o Ayekaba, que “4.325 pessoas estão em quarentena” na província em que os casos foram detectados. Porém, há ainda três pessoas com "sintomas leves" que foram isoladas no hospital de uma área rural pouco povoada, na fronteira com Gabão e Camarões. Elas "estão evoluindo favoravelmente", disse Ayekaba.

Onde surgiu o vírus de Marburg?

Esse vírus, antes conhecido como febre hemorrágica de Marburg, foi batizado pela cidade alemã onde foi detectado pela primeira vez, em 1967, em um laboratório cuja equipe estava em contato com macacos com a doença, importados de Uganda. 

No mesmo ano, dois outros surtos foram detectados em laboratórios em Frankfurt, Alemanha e em Belgrado (Iugoslávia, hoje Sérvia). Sete pessoas morreram da doença.

Transmissão

O vírus faz parte da família dos filoviridae (filovírus), como o ebola (com o qual compartilha muitas características), e é transmitido ao homem por meio de morcegos frugívoros (rousettus), geralmente considerados hospedeiros naturais do vírus. 

É transmitido entre humanos por contato direto com fluidos corporais de pessoas infectadas, ou com superfícies ou materiais, de acordo com a OMS.

Sintomas 

Os primeiros sintomas da doença do vírus de Marburg são dores musculares, dor de cabeça e conjuntivite, seguidos por dor de garganta, vômitos, diarreia, erupções cutâneas e sangramento

Isso torna difícil distinguir a doença de outras condições, como malária, febre tifoide, cólera ou outras febres hemorrágicas virais. 

A doença tem um período de incubação de 2 a 21 dias, segundo a OMS, e depois se manifesta repentinamente, com febre forte, dores de cabeça intensas e grande mal-estar.

Qual é o tratamento contra o vírus? 

Não há vacina ou qualquer tratamento aprovado até o momento. De acordo com a OMS, vários tratamentos baseados em hemoderivados, imunoterapia e medicamentos estão sendo desenvolvidos. 

A reidratação oral ou intravenosa e o tratamento de sintomas específicos melhoram a taxa de sobrevivência. Mas é um vírus particularmente mortal, com uma média de uma morte em cada dois casos. A taxa de mortalidade variou de 24% a 88% durante epidemias anteriores, dependendo da fonte viral e do manejo do caso.

Como frear uma eventual pandemia? 

"Para prevenir a propagação massiva do vírus Marburg, deve-se agir agora", disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África. 

Para isso, o pesquisador e chefe do departamento de virologia do Instituto Pasteur de Dakar, Ousmane Faye, considera que “a vigilância deve ser reforçada, identificando todos os contatos próximos para poder isolá-los caso desenvolvam a doença, evitando assim a transmissão".

Epidemias anteriores

Na África, epidemias anteriores de Marburg e casos esporádicos ocorreram na África do Sul, Angola, Quênia, Uganda e República Democrática do Congo.

O cenário mais grave até agora ocorreu em 2005, no norte de Angola, e deixou 329 mortos entre 374 pessoas infectadas.

Assuntos Relacionados