Protestos na Venezuela lidam com repressão e mais de 700 pessoas são presas
Oposição e comunidade internacional denuncia fraude na eleição presidencial que apontou Maduro como vencedor
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta terça-feira (30) que pelo menos 749 pessoas foram detidas durante os protestos contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro. Saab ainda alertou que o número pode crescer nas próximas horas.
"Há 749 destes criminosos detidos", disse em um comunicado à imprensa no qual especificou que o Ministério Público avalia se vai acusá-los de "resistência à autoridade e nos casos mais graves (de) terrorismo".
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O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, expressou "lealdade absoluta e apoio incondicional" das Forças Armadas ao presidente Nicolás Maduro. "Maduro é o nosso comandante-chefe, que foi legitimamente reeleito pelo poder popular e proclamado pelo Poder Eleitoral para o período presidencial 2025-2031", disse o ministro em uma declaração na televisão. As Forças Armadas são consideradas o principal apoio do governo venezuelano.
Na segunda-feira (29), pelo menos quatro pessoas morreram e outras 44 ficaram feridas durante as manifestações, segundo ONGs. "Registramos 44 feridos e 3 mortes", afirmou a Pesquisa Nacional de Hospitais na rede social X, que monitora a crise hospitalar. Dois dos falecidos são de Aragua (centro) e um de Caracas. Estas mortes são somadas à primeira relatada em Yaracuy (noroeste) pela ONG "Foro Penal".
Ainda há relatos de que a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os protestos. “Lamentavelmente, nas últimas horas tivemos relatos de pessoas mortas, dezenas de feridos e de detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade expressada em 28 de julho e a parar a repressão às manifestações pacíficas”, escreveu na rede social X o candidato opositor Edmundo González, que enuncia fraude e reivindica vitória.
ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NA VENEZUELA
O presidente esquerdista venezuelano, Nicolás Maduro, foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, em meio a denúncias de fraude da oposição, que reivindicou a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), vinculado ao governo, proclamou a vitória do presidente, que recebeu 5,15 milhões de votos (51,2%), após a apuração de 80% das urnas. González Urrutia recebeu 4,45 milhões de votos (44,2%), segundo o primeiro boletim oficial.
Um dia depois de o CNE, ter declarado a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar.