Morte de lider do Hezbollah tem impacto político maior que de Bin Laden ou Saddam, diz analista
O acontecimento pode intensificar o programa nuclear do Irã para manter a sua posição na região
O bombardeio de Israel ao Líbano, na sexta-feira (26), pode causar desdobramentos muito mais impactantes para a política mundial que as ofensivas que vitimaram Osama bin Laden ou de Saddam Hussein, há tantos anos. Isso porque o ataque mais recente matou o líder do grupo Hezbollah, Hassan Nasrallah, informação confirmada neste sábado (28).
O acontecimento pode intensificar o programa nuclear do Irã para manter a sua posição na região, tendo em vista as ligações do país com o grupo, segundo especialistas disseram na GloboNews.
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"A morte do Hassan Nasrallah tem impacto político maior do que o de Osama bin Laden, maior do que a de Qassem Suleimani, comandante das Guardas Revolucionárias Iranianas, maior do que de Saddam Hussem, maior do que do Muammar Qaddafi. É a morte de uma liderança no Oriente Médio de maior impacto, seguramente, no século 21", observa Guga Chacra, comentarista da GloboNews.
Narsallah comandava o Hezbollah desde 1992. Por isso, para Chacra ele era "insubstituível", e a sua morte fez o grupo ser "decapitado".
"O Irã não tem bomba atômica. O Hezbollah sempre foi uma espécie de bomba atômica do Irã, existente ali na fronteira com Israel para uma possível guerra contra o Israel ou os EUA, [para] servir como uma arma, para dissuadir Israel e os EUA de possíveis ofensivas contra o Irã. Isso não existe mais", afirma Guga.
O Hezbollah é constituído majoritariamente por xiitas, vertente muçulmana à qual pertencem aqueles no topo da hierarquia religiosa xiita, os aiatolás, que comandam o Irã. O grupo paramilitar é financiado, em grande parte, pelo país.
Ainda sem confirmações, a sucessão do Hezbollah levanta especulações. A expectativa é que Hashem Saffiedine, um primo de Nasrallah, seja nomeado o novo líder.
"Esse primo do Nasrallah, que hoje tem 60 anos, ele chefia o conselho executivo do Hezbollah, chefia a parte financeira do Hezbollah. Ele está na linha sucessória desde os anos 90", diz o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Vitélio Brustolin.
Contra-ataque?
Para Vitélio Brustolin, em entrevista à GloboNews, um possível contra-ataque iraniano depende da evolução de seu programa nuclear.
"Algum movimento do Irã deve vir, especialmente se o Irã conseguir fabricar sua primeira bomba nuclear, ou pelo menos [fabricar ogivas] em alguma quantidade maior, chegando a um nível próximo ao da Coreia do Norte, que hoje tem 50 ogivas", avaliou.
Contudo, essa evolução encontra resistência inclusive com países aliados. "Imagine o Irã, que é um país que usa grupos terroristas como instrumento de política externa, com armas nucleares. A gente começa a falar de terrorismo nuclear. Não é algo que interessa a ninguém, nem mesmo à Rússia", acrescenta.