Microsoft desenvolve chip quântico que promete revolucionar a tecnologia digital
Há anos, empresas tentam tornar os qubits tão confiáveis quanto os bits binários

A Microsoft apresentou o Majorana 1, um novo tipo de chip que tem como foco a computação quântica. Com a aceleração do desenvolvimento desse setor em décadas, setores da economia devem ser afetados. Assim, o bitcoin e outras criptomoedas podem correr riscos, a partir deste lançamento. O anúncio da gigante de tecnologia foi feito na última quarta-feira, 19.
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Na computação clássica, usada nos computadores e smartphones atuais, todas as informações são armazenadas ou processadas na forma de bits (binários representados por 0 ou 1). Porém, na quântica, os chamados qubits, ou bits quânticos, podem assumir inúmeros estados entre 0 e 1. Com isso, o fenômeno chamado de superposição aumenta exponencialmente a quantidade de dados que podem ser processados ao mesmo tempo.
Além da Microsoft, outras empresas com IBM e Google tentam há anos tornar os qubits tão confiáveis quanto os bits binários. A desconfiança no uso é gerada por eles serem bem mais delicados e sensíveis a ruídos, o que pode criar erros ou fazer com que percam informações.
O motivo do nome e as características
Para o processamento desse novo chip, a Microsoft não usa elétrons e sim uma partícula Majorana que o físico Ettore Majorana descreveu em 1937.
A empresa alcançou este marco ao criar o que chama de “primeiro topocondutor do mundo”, um novo tipo de material que, além de observar, controla as partículas de Majorana para criar qubits confiáveis. O novo chip deve potencialmente acomodar um milhão de qubits em uma unidade, que não é muito maior do que as CPUs de computadores e servidores de desktop convencionais.
Em um artigo publicado pela Microsoft e revisado por membros da revista científica Nature, a empresa diz que conseguiu criar o qubit topológico com um material a base de arsenieto de índio e alumínio.
Primeiros passos
A Microsoft já colocou oito qubits topológicos em um único chip, dando um passo importante e mostrando que a tecnologia funciona. No entanto, o objetivo da gigante é bem mais ambicioso. A intenção é que essa abordagem possa ser escalada para um milhão de qubits em um único chip no futuro.
Se o desejo for concretizado, um único chip com um milhão de qubits poderia realizar simulações bem mais precisas. A empresa também acredita que seu topocondutor (ou supercondutor topológico) é o próximo avanço da tecnologia.
“Nossa liderança trabalha nesse programa há 17 anos. É o programa de pesquisa mais antigo da empresa”, explicou Zulfi Alam, vice-presidente corporativo de computação quântica da Microsoft, ao The Verge.
“Após 17 anos, estamos apresentando resultados que não são apenas incríveis, mas reais. Eles redefinirão fundamentalmente como será a próxima etapa da jornada quântica.”
A equipe de computação quântica da Microsoft é composta por pesquisadores, cientistas e fellows técnicos.
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA) selecionou a Microsoft como uma das empresas que avançarão para a última fase do programa Underexplored Systems for Utility-Scale Quantum Computing (US2QC). Agora, a gigante construirá um protótipo de computador quântico tolerante a falhas baseado em qubits topológicos “em anos, não décadas”.