A Justiça da França condenou, nesta quinta-feira (19), Dominique Pelicot, 71, à pena máxima de 20 anos de prisão por drogar durante uma década a então esposa Gisèle para estuprá-la ao lado de dezenas de desconhecidos.
Os cinco magistrados do tribunal de Avignon, no sul da França, seguiram o pedido de pena do Ministério Público neste que foi um grande julgamento por estupro, no qual os 51 réus foram declarados culpados.
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Relembre o caso
A história que horrorizou o mundo foi revelada quando Dominique foi preso, em 2020, filmando por baixo das saias de clientes de um shopping. Na época, policiais encontraram imagens da esposa sendo violentada em computadores, HDs e pen drives usados por Dominique. Foram encontrados quase 4 mil fotos e vídeos da vítima, visivelmente inconsciente, enquanto era estuprada por dezenas de estranhos.
Gisèle e Dominique ficaram casados por 50 anos. Apesar de os crimes terem acontecido desde 2011, a vítima só descobriu que estava sendo drogada para ser violentada em 2020.
O homem, que confessou ser culpado de todas as acusações, além de 50 homens, com idades entre 26 e 74 anos, responderam pelos crimes em julgamento que começou em setembro.
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Manifestações de apoio
Gisèle, uma avó de 72 anos, renunciou ao direito de anonimato e exigiu uma autorização de acesso do público ao julgamento para aumentar a conscientização sobre a submissão química, o uso de drogas para cometer agressões sexuais.
Ela conquistou o coração da França e, além disso, provocou uma onda de obras de arte em sua homenagem, após afirmar que seus agressores, e não ela, eram aqueles que deveriam sentir vergonha. "Eu queria que todas as mulheres vítimas de estupro afirmassem: 'Se a senhora Pelicot fez isso, nós podemos fazer'", declarou, em outubro. "Não quero que [as vítimas] sintam mais vergonha, e sim os agressores", ressaltou.
O julgamento foi acompanhado por manifestações de apoio na França, onde várias pessoas começaram a aplaudi-la e a oferecer flores quando ela chegava ao tribunal.
Em dezembro, a emissora britânica BBC a incluiu na lista de 100 personalidades femininas do ano, ao lado da sobrevivente de estupros em série e vencedora do Nobel da Paz Nadia Murad e da ginasta brasileira Rebeca Andrade.