Força Aérea dos EUA encontra 'restos mortais' em trem de pouso de avião que partiu de Cabul
Para tentar escapar do Afeganistão após o retorno do Talibã, civis se agarraram a lataria das aeronaves que partiam do país
A Força Aérea dos Estados Unidos encontrou restos humanos no trem de pouso do avião militar que decolou, na segunda-feira (16), de Cabul. Uma investigação foi aberta sobre o caso.
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Na ocasião, centenas de afegãos foram até o Aeroporto de Cabul para tentar embarcar em voos para fugir do país após a volta do Talibã ao poder. Pelo menos, cinco pessoas morreram no tumulto.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento os civis invadem a pista e cercam um avião militar dos Estados Unidos. Algumas pessoas se agarram à aeronave, que levanta voo e, minutos depois, é possível vê-las despencando de milhares de metros de altura.
A Força Aérea analisará todas as gravações que circulam nas redes sociais do avião de transporte C-17 com pessoas tentando se agarrar a suas asas ou rodas. Outro vídeo mostrou o mesmo avião voando sobre Cabul e o que parecia ser duas pessoas caindo.
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"Além de vídeos divulgados e reportagens da imprensa sobre pessoas caindo do avião durante a decolagem, restos humanos foram encontrados no trem de pouso do C-17 quando ele pousou na base aérea de Al Udeid, no Catar", disse a porta-voz da Força Aérea dos EUA, Ann Stefanek.
“A investigação será exaustiva para que possamos obter todos os fatos sobre este trágico incidente”, acrescentou em nota.
Os militares não divulgaram um balanço total das vítimas no momento da decolagem, nem confirmaram a informação de que uma pessoa foi esmagada sob as rodas da aeronave.
Voos de evacuação retomados
Um dia após cenas de caos e desespero serem registradas no aeroporto internacional de Cabul, no Afeganistão, o local retomou os voos de evacuação nesta terça-feira (17).
No domingo (15), o avião C-17 Globemaster III, da Força Aérea dos Estados Unidos, evacuou 640 afegãos da capital Cabul em direção ao Catar. A operação de voos foi suspensa no aeroporto na segunda-feira, logo após milhares de pessoas invadirem o campo de aviação para fugir do território afegão.
Um diplomata afirmou à agência de notícias Reuters que pelo menos 12 voos militares partiram do local. Ainda conforme a agência, um avião da força aérea indiana evacuou mais de 170 pessoas, incluindo o embaixador da Índia no Afeganistão.
Já a embaixada da França no país comunicou que um avião militar também decolou do local com cidadãos franceses, sem informar um número de pessoas. "A França está implementando os meios necessários para garantir a proteção de nossos compatriotas", informou.
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Segundo a AFP, oficiais britânicos preveem retirar entre 1,2 mil e 1,5 mil pessoas do Afeganistão por dia.
Talibã no poder
As tentativas de fuga do Afeganistão ocorrem desde a retomada do poder pelo Talibã. No domingo (15), o presidente Ashraf Ghani deixou o país, e o palácio presidencial foi tomado pelo grupo extremista, que retomou o controle do território 20 anos depois.
A tomada de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA — serviços de inteligência estadunidenses estimavam que o Talibã chegaria à capital afegã em setembro, podendo tomar o poder em novembro.
O grupo foi retirado do poder em 2001 pelos EUA, que atacaram o Afeganistão em reação aos atentados de 11 de setembro de 2001, que derrubaram as Torres Gêmeas.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã, o qual previa retirada total das tropas do Afeganistão até abril deste ano. Joe Biden, atual presidente, manteve o acordo, mas adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA saiu do Afeganistão em julho. O Talibã, então, aproveitou-se da retirada, avançando rapidamente pelo país e conquistando todas as províncias e a capital Cabul em menos de duas semanas.