Após Talibã tomar Cabul, imagens de mulheres em muros do Afeganistão são apagadas
Presença de mulheres em público já reduziu drasticamente
A população do Afeganistão já exibe sinais de apreensão após o Talibã tomar o palácio presidencial, em Cabul, nesse domingo (15). Imagens de mulheres já foram apagadas de muros em locais públicos em seguida à entrada do novo regime. As informações são do jornal Metrópoles.
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O chefe do serviço de notícias afegão Tolo News, Lotfullah Najafizada, publicou, durante a tarde do domingo, foto na qual um homem cobre com tinta imagens de mulheres pintadas em um muro da capital afegã. O veículo publicou, nesta segunda-feira (16), que a presença de mulheres em público reduziu drasticamente.
A ação reflete a angústia de afegãs, ativistas e autoridades políticas sobre a situação dos direitos das mulheres no país. Na década de 1990, o Talibã privava a população feminina do acesso à educação — muçulmanas não podiam frequentar escolas e universidades.
Ainda no domingo, Aisha Khurram, ex-embaixadora da Juventude da Organização das Nações Unidas (ONU), informou que professores foram vistos se despedindo de suas alunas na Universidade de Cabul.
"Alguns professores se despediram de suas alunas quando todos foram evacuados da Universidade de Cabul nesta manhã… E talvez não tenhamos nossa formatura, assim como milhares de alunos em todo o país", escreveu ela, acrescentando que o grupo estava a postos em toda a cidade, apenas esperando "o momento certo".
Conforme a AFP, famílias foram forçadas a entregar meninas e mulheres solteiras para virarem esposas dos combatentes do grupo insurgente. "Choro dia e noite quando vejo o Talibã forçando garotas a se casar com seus combatentes", afirmou uma mulher de 35 anos identificada como Muzhda.
Já recusei propostas de casamento no passado [...] Se o Talibã vier e me forçar a casar com eles, vou me matar", disse ela à agência.
De acordo com o portal G1, cerca de 80% da população afegã que teve de deixar seus lares devido ao avanço do Talibã é composta de mulheres e crianças. Os dados são da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Antes de o Talibã sair do poder, em 2001, mulheres não podiam trabalhar nem sair de casa, a não ser se estivessem acompanhadas de um parente.
Nas regras do grupo, mulheres acusadas de adultério eram apedrejadas. Outras normas incluem amputação de membros em acusações de roubo e execuções públicas.
Manutenção de direitos
O porta-voz do grupo extremista, Suhail Shaheen, afirmou que o Talibã pretende manter os direitos das mulheres, apesar dos relatos registrados. Ele declarou à BBC que as propriedades e a vida da população estão asseguradas, principalmente no que tange aos residentes de Cabul.
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Ainda segundo o porta-voz, a liberdade para os profissionais de mídia e diplomatas também será mantida.
O Talibã anunciou ter tomado controle do palácio presidencial em Cabul depois de o presidente afegão, Mohammad Ashraf Ghani, fugir do país. A informação foi divulgada após o grupo extremista cercar a capital Cabul no domingo.