Por falta de peças, Fiat dá férias coletivas a 1.900 trabalhadores da fábrica de Minas Gerais

Marca italiana vai interromper por 10 dias a produção da unidade de Betim, a partir de segunda-feira (19)

Escrito por Eduardo Sodré/Folhapress ,
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Legenda: As atividades já tinham sido parcialmente interrompidas entre os dias 10 e 22 de março, quando 600 colaboradores entraram em férias coletivas
Foto: Divulgação/Fiat

A Fiat confirmou na quarta-feira (14) que vai interromper por 10 dias o segundo turno de produção em Betim (MG). O principal modelo fabricado na unidade é a picape Strada, veículo mais vendido do Brasil no primeiro trimestre.

O motivo é o mesmo que fez diversas montadoras interromperem as linhas de montagem nos meses de fevereiro e março: falta de peças.

Por meio de nota, a marca italiana informou que agora faz parte do grupo Stellantis e que 1.900 funcionários entrarão em férias coletivas a partir de segunda-feira (19), "a fim de adaptar o ritmo de produção às condições atuais de volume e regularidade de fornecimento de componentes".

A montadora afirma que continua em contato e em negociação com seus fornecedores para normalizar os fluxos de suprimentos.

Primeira interrupção

As atividades em Betim já tinham sido parcialmente interrompidas entre os dias 10 e 22 de março, quando 600 colaboradores entraram em férias coletivas.

Ainda assim, a Fiat está entre as empresas que menos interromperam a produção devido à falta de peças. Com isso, a Strada teve fôlego para ultrapassar o Chevrolet Onix no ranking de emplacamentos em março e assim chegar ao primeiro lugar de vendas no trimestre.

Retomada

A linha de montagem do compacto da General Motors segue interrompida em Gravataí (RS), e a fabricação só deve ser plenamente retomada em julho.

Com a parada do segundo turno em Betim, a Fiat terá mais dificuldade para atender clientes que aguardam a entrega da picape Strada. Em um comunicado publicado em seu site, a marca diz que a espera pode chegar a 150 dias.

Outras grandes montadoras paralisaram a produção por falta de peças ou para atender a pedidos dos sindicatos em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19.

Outras paralisações

As fábricas de automóveis da Honda localizadas em Itirapina e em Sumaré, cidades do interior de São Paulo, tiveram a produção interrompida entre os dias 30 de março e 12 de abril.

A Hyundai Motor do Brasil obedeceu às determinações das Prefeitura de Piracicaba para reduzir a circulação de pessoas no município e paralisou as atividades entre 29 de março e 4 de abril.

Volkswagen, Mercedes, Scania, Nissan, Renault, VW Caminhões e Ônibus e Toyota também pararam a produção em diferentes períodos nos últimos dois meses.

No dia 31 de março, 14 montadoras passavam por paradas totais ou parciais, que atingiram 30 fábricas e 65 mil funcionários em seis estados, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Na primeira semana de abril, cinco empresas e 10 plantas permaneciam com linhas de montagem interrompidas.

Previsão para os próximos meses

A situação deve se estender até o segundo semestre. Interrupções por falta de peças ocorrem também na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos.

Na Argentina, o governo de Alberto Fernández quer as fabricantes produzindo em capacidade máxima, o que não é possível neste momento pela escassez de componentes.

A medida foi publicada em um boletim oficial e o objetivo seria evitar o desabastecimento do mercado interno, que segue com restrições fiscais a veículos importados.

O principal problema é a falta de semicondutores, que são itens eletrônicos presentes em computadores e smartphones. Com a conectividade, tais partes se tornaram indispensáveis na indústria automotiva.

Setor de motos

No setor de motos, houve recuperação. Após períodos de paralisação no primeiro bimestre devido ao agravamento da pandemia no Amazonas, as linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus retomaram as atividades em março.

Foram produzidas 125,6 mil motocicletas no último mês, uma alta de 116,4% em comparação a fevereiro. Em relação a março de 2020, o crescimento é de 22,1%. Os dados são da Associação das Fabricantes de Veículos de duas Rodas (Abraciclo).

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