Doença da vaca louca: entenda os riscos e o que se sabe sobre novos casos no Brasil

País registrou dois casos em frigoríficos, mas autoridades reforçam que não há riscos para o consumidor

Escrito por Redação ,
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Legenda: Doença da vaca louca recebeu esse nome por agressividade demonstrada por animais contaminados
Foto: Nelson Almeida / AFP

O Ministério da Agricultura suspendeu temporariamente a exportação de carnes para a China após a confirmação de dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), nome técnico do mal conhecido popularmente como doença da vaca louca, em bovinos. 

Os casos, de origem atípica, foram registrados em Belo Horizonte e em Mato Grosso. Os bovinos infectados não foram comercializados, não representando risco à saúde pública. Eles são o quarto e o quinto caso de contaminação em mais de 23 anos de vigilância sanitária para a doença no país, conforme a Secretaria de Defesa Agropecuária. 

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Os casos de vaca louca atípica são menos perigosos para o rebanho porque são espontâneos e esporádicos. Eles partem de uma mutação individual no organismo de um animal e não acontecem devido à ingestão de alimentação contaminada. Além disso, atingem o gado em idade avançada. 

É diferente da vaca louca clássica, que se manifesta após a ingestão de alimento contaminado e infecta animais mais jovens. A doença é fatal para os animais. Ao ser contaminada, uma vaca que era de fácil manejo pode se tornar agressiva, daí vem o nome da doença.

A doença da vaca louca é conhecida por esse nome por se instalar com maior frequência no gado, mas humanos podem se contaminar. Autoridades no Brasil afirmam, no entanto, que não há riscos no País para a compra ou consumo de carne. 

Doença da vaca louca em humanos 

O mal da vaca louca é uma doença rara neurodegenerativa causada por príons que se instalam no cérebro e levam ao desenvolvimento gradual de lesões definitivas. Assim como os animais, os humanos podem desenvolver o príon infeccioso naturalmente ou a partir do consumo de carne contaminada.

Essas lesões costumam provocar sintomas comuns à demência, como dificuldade para pensar ou falar. Esses sintomas aparecem de forma progressiva de 10 a 12 anos depois da infecção. 

Após a apresentação dos sintomas, a evolução da doença é rápida. O infectado costuma morrer após o período de seis meses a um ano, decorrente das perdas cognitivas causadas pela enfermidade. 

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A contaminação também pode se dar por meio de transplante de córnea ou pele contaminada, utilização de instrumentos contaminados em procedimentos cirúrgicos, implante inadequado de eletrodos cerebrais ou injeções de hormônios de crescimento contaminados. 

Sintomas de doença da vaca louca 

Os sintomas do mal podem ser confundidos com os da demência e incluem: 

  • Perda da capacidade para fazer movimentos coordenados 

  • Perda de memória 

  • Dificuldade para falar ou pensar 

  • Dificuldade para caminhar 

  • Ansiedade e depressão 

  • Tremores constantes 

  • Visão turva 

  • Insônia 

Como se prevenir? 

A prevenção da manifestação da doença deve ser feita pelos criadores de gado, tomando medidas como evitar inserir proteínas animais na alimentação do rebanho e estar sempre atento ao rótulo das rações para se certificar se é permitido o uso bovino. 

A infecção do gado, nos casos clássicos, pode ocorrer após a ingestão de rações com farinha de carne ou osso de outras espécies. Esse tipo de ingrediente é proibido no Brasil. 

A população deve se prevenir da doença se certificando da qualidade das carnes que são ingeridas e evitando comer proteínas animais de origem desconhecida. 

De acordo com as autoridades, a infecção registrada nos bovinos esta semana não traz risco à saúde pública, visto que os casos foram isolados e já controlados. Portanto, não existe risco para o consumo de carne no momento. 

rebanho de gado
Legenda: A doença é mais comum em bovinos, mas pode se manifestar em humanos após ingestão de carne contaminada
Foto: Agência Brasil

Exportações 

A paralisação das exportações de carne do Brasil para a China é temporária e cumpre protocolo entre os países. A medida será suspensa até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações sobre os casos. 

Na última quinta-feira (2), frigoríficos de todo o país precisaram suspender o abate de bois devido à suspeita da doença. A estimativa da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) é de que a produção retorne somente na próxima semana.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para reconhecer o status oficial de risco do país, segundo o Governo. Por isso, o Brasil continua classificado como país de risco insignificante para a doença.

O Brasil registrou apenas cinco casos do mal desde que começou a vigilância para a doença, há 23 anos. Como os dois confirmados agora, todos foram atípicos.  

Um desses casos foi no Paraná, em 2010. Isso levou uma série de países, incluindo Rússia, Japão, China e África do Sul, a suspender a compra de carne brasileira. 

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