Cateterismo: entenda o que é e para que serve o procedimento

Feito a partir da inserção do cateter por uma artéria, é Indicado para o diagnóstico e tratamento do infarto ou da angina

Escrito por Raísa Azevedo , raisa.azevedo@svm.com.br
médico realizando cateterismo em paciente
Legenda: O procedimento é utilizado para quantificar o entupimento do vaso coronariano
Foto: Shutterstock

O cateterismo é um procedimento médico feito por meio da introdução de um cateter - tubo fino e flexível - em alguma cavidade do corpo, que é conduzido até o coração para diagnosticar ou tratar doenças cardíacas, definiu a médica cardiologista Fernanda Weiler*.

Indicado para o diagnóstico e tratamento do infarto ou da angina, é capaz de detectar e desobstruir artérias e válvulas devido ao acúmulo de placas de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias encontradas no sangue.

Conforme informações do Ministério da Saúde, o procedimento também avalia as artérias coronárias que irrigam a musculatura do coração e verifica se existem lesões nas válvulas e do músculo cardíaco, assim como alterações na anatomia do coração não confirmadas por outros exames.

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O procedimento vem sendo amplamente comentado após o consultor de etiqueta e ex-participante do reality show A Fazenda, Fábio Arruda, morrer aos 54 anos, três dias depois de realizar um cateterismo. Recentemente, Arruda contou nas redes sociais que havia feito um check-up e que precisava fazer uma cirurgia de emergência, pois estava com uma artéria 90% obstruída. Ele passou, então, por um cateterismo e recebeu alta, mas foi encontrado morto no último sábado (7).

Já o ator Marcos Oliveira, o Beiçola de "A Grande Família", foi internado no início desta semana para realizar um cateterismo de emergência no Rio de Janeiro. Ele recebeu alta dias após o procedimento e segue em recuperação.  

Quais os tipos de cateterismo?

A cardiologista Fernanda Weiler explica que há vários tipos de cateterismo, entre eles:

  • Cardíaco
  • Pulmonar
  • Vesical.

O procedimento mais comum é o cardíaco, em que é inserido o cateter em um vaso sanguíneo até o coração. "Por meio do cateterismo, podemos medir a pressão das câmaras do coração, ver se tem algum entupimento nas coronárias, às vezes fazer uma biópsia do músculo do coração e também tratar arritmias, fazendo a cauterização da via elétrica do coração", esclarece a médica.

No cateterismo pulmonar, o especialista usa o cateter para chegar à artéria pulmonar e medir a pressão. Já no vesical, o tubo é introduzido pela uretra para chegar até a bexiga e permitir que o paciente urine ou até mesmo para pegar algum material da parede da bexiga para fazer uma análise ou algum procedimento médico que seja necessário, detalha Fernanda Weiler.

Indicações

A indicação mais comum do cateterismo cardíaco é quando há investigação de dor torácica. "Aquele paciente que sente dor, uma dor anginosa, uma dor no peito, que piora quando ele faz esforço, quando ele faz alguma atividade física, a gente precisa ver se tem obstrução, se tem entupimento dentro das coronárias, que são os vasos que nutrem o coração", afirma a especialista.

Existem ainda outras indicações de cateterismo para o coração. Entre elas, é quando o paciente é acometido por uma arritmia, e o procedimento é utilizado para cauterizar as vias elétricas do coração e diminuir a chance de desenvolver esse quadro.

Além disso, o cateterismo pode ser usado para o tratamento da obstrução coronariana, evitando um possível infarto do paciente.

"Podemos também fazer o tratamento da obstrução coronariana, ou seja, a gente já sabe que tem essa coronária entupida e, se é uma obstrução importante, fazemos a colocação de stents, que chamamos de angioplastia, para desobstruir essa coronária, permitindo que o fluxo de sangue, que o oxigênio e os nutrientes cheguem ao músculo cardíaco, evitando o infarto", detalha Weiler.

Como é feito 

médico segurando cateter
Legenda: Cateter é inserido em um vaso sanguíneo que segue até o coração
Foto: Shutterstock

O cateterismo é feito a partir da inserção do cateter por uma artéria, que pode ser do braço, da perna ou da região da virilha, e esse tubo é guiado pelo médico até a região do coração. O procedimento serve exatamente para quantificar o entupimento do vaso coronariano.

"Quando o cateter chega ao coração, injetamos contraste para percorrer os vasos do coração e ver se existe algum impedimento na passagem desse contraste. E, a partir daí, conseguimos determinar o grau de obstrução. Então, uma artéria pode ter uma obstrução pequena, uma placa de gordura, uma placa calcificada pequena, de 20 a 30%, ou ela pode ter uma obstrução grande, de 90 ou até 100%, com uma artéria completamente fechada. E o cateterismo determina a quantidade desse entupimento do vaso do coração", afirmou Fernanda Weiler.

Quais os riscos?

O procedimento de cateterismo é considerado simples e seguro. Durante o processo, o paciente pode permanecer acordado ou ter uma leve sedação para que durma e não sinta incômodo ou o desconforto. É feito sob anestesia local.

"Fazemos uma anestesia local na pele do paciente, somente no local onde será introduzido o cateter, para ele não sentir dor ali, que pode ser tanto no punho ou na região da virilha. O cateter é introduzido, e esse momento é indolor, o paciente não sente esse cateter ser introduzido, e chega até o coração", esclarece a profissional.

Apesar de ser um procedimento seguro e as complicações serem raras, é necessário estar atento a aspectos como sangramento, infecções, arritmias ou rasgo e entupimento do vaso sanguíneo.

"Como todo procedimento médico, existem riscos, mas é sim considerado um procedimento seguro. As complicações podem ser sangramento, principalmente no local que é realizada a punção. Podem ocorrer infecções nesse sítio e desencadear arritmias a partir do momento que o cateter toca alguma região. Pode também ocorrer um rasgo ou entupimento do vaso sanguíneo das coronárias quando o cateter vai passando. Mas as complicações são raras", alerta Fernanda Weiler.

O paciente precisa ficar internado?

médico examina batimento cardíaco de paciente
Legenda: Após o cateterismo, médico avalia necessidade de internação antes da alta hospitalar
Foto: Shutterstock

Após a realização do cateterismo, nem sempre o paciente precisa permanecer internado, vai depender da motivação que o levou a fazer o procedimento. Segundo a especialista, se foi um cateterismo apenas para diagnóstico, em que o médico apenas visualizou a estrutura do coração, não há indicação de internação.

Já se foi realizado algum tratamento como a colocação de stents para angioplastia ou o tratamento de alguma arritmia após a realização do procedimento, é indicado que o paciente permaneça em repouso para evitar sangramentos no local da punção. Nesse caso, é necessário permanecer deitado por cerca de 4 horas e também é avaliado o tempo de internação antes da alta hospitalar, que pode variar de 24 a 72 horas, normalmente.

"O paciente que é submetido a tratamento como colocação de stents ou tratamento de arritmias, muitas vezes, permanece internado por 24 a 72 horas antes da alta. Monitoramos parâmetros como sinais vitais, sangramento, se ocorre a arritmias ou se ele tem alguma consequência da reperfusão, ou seja, o sangue não chegava bem ao coração e a partir daquele procedimento o sangue passa a chegar em maior quantidade na área do coração. A gente observa se isso vai dar alguma alteração no paciente, por isso essa indicação de internação", explica a cardiologista.

Qual o tempo de repouso após o cateterismo?

Normalmente, passado esse repouso inicial, o paciente pode receber alta e ir para casa, mas ele é orientado a não realizar atividade física ou fazer sobrecarga nos membros por até uma semana.

Durante esse período, a pessoa pode fazer leves caminhadas em casa e se movimentar nas atividades diárias e de higiene pessoal, mas não deve ir para a academia ou mesmo dirigir por 7 dias.

*Dra Fernanda Weiler é formada em Medicina pela Universidade de Brasília (UNB) com residência em cardiologia pela mesma Universidade. É membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida na Harvard Medical School (EUA). Entre 2014 e 2015 foi professora da UNB. Também é co-fundadora do grupo “Mais uma D.O.S.E (dopamina, ocitocina, serotonina, endorfina)”, que visa a melhoria da qualidade de vida por meio da Medicina do Estilo de Vida.

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