Réus por morte de coroinha vão a júri em setembro; vítima foi confundida com membro de facção

A vítima caminhava pela orla da Barra do Ceará na volta de uma aula de capoeira quando foi abordada pelos autores do crime. O caso despertou comoção pública

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
vitima coroinha
Legenda: Jefferson tinha 14 anos e voltava de uma aula de capoeira
Foto: Reprodução

Quatro acusados pela morte do coroinha de 14 anos, Jefferson Brito Teixeira, vão sentar no banco dos réus. A Justiça agendou julgamento de Antônio Ivo do Nascimento Fernandes, Robson Vasconcelos, David Hugo Bezerra da Silva e José Jorge Sousa Oliveira, para o próximo dia 14 de setembro, às 10h.

A sessão do Tribunal do Júri ocorrerá de forma presencial, em Fortaleza, cidade onde o menino foi brutalmente assassinado. O crime completa dois anos dia 18 de agosto de 2022. Na época, a investigação apontou que o adolescente morreu ao ser confundido com um membro de facção criminosa, porque tinha aderido a dois cortes na sobrancelha (símbolo também usado para mostrar pertencimento a determinado grupo armado).

Para um quinto homem também denunciado pelo assassinato, ainda não há data prevista de julgamento. Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira foi o último a ser detido e teve determinado o desmembramento do processo, por não estar encerrada a fase de instrução da ação penal.

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Enzo foi preso no Rio de Janeiro. O paradeiro do acusado só foi descoberto pelo Judiciário cearense quando um juiz determinou que fosse consultado o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) para saber se havia alguma informação sobre o réu.
 
Dias depois, a Defensoria Pública do Estado do Ceará informou nos autos que, conforme familiares, Enzo Gabriel havia sido preso no Rio de Janeiro em outubro de 2020, e estava mantido em cárcere na unidade prisional Paulo Roberto Rocha. Somente depois de oito meses da captura foi dada baixa no mandado de prisão.

As defesas negaram participação dos acusados no homicídio.

PEDRADAS E PAULADAS

A morte do coroinha despertou a comoção da população na época do crime. A vítima caminhava pela orla da Barra do Ceará na volta de uma aula de capoeira quando foi abordada pelos autores do crime e levada para uma viela. O menino foi brutalmente agredido com chutes, pontapés, pedradas e pauladas, antes de ser atingido por disparos de arma de fogo.

Os tiros acertaram a testa, nariz e bochecha do adolescente. O papa Francisco chegou a ter conhecimento do caso e enviou uma carta à paróquia que o coroinha frequentava. Na carta, o papa diz que reza para Jefferson e pede a misericórdia divina para o assassinato.

carta papa
Foto: Reprodução

O QUE DIZ A ACUSAÇÃO

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou cinco pessoas por envolvimento no crime. Conforme a acusação, Robson Vasconcelos estava no intervalo do trabalho teria sido o primeiro suspeito a reparar nos cortes na sobrancelha da vítima. "Diante daquela situação, Robson Vasconcelos, integrante do CV, rival da GDE, sem hesitar, arrebatou a vítima pela gola da camisa e a conduziu para local mais reservado, objetivando, desde já, ceifar-lhe a vida, por entender que o adolescente era pilantra", segundo documentos.

Quando já agredia a vítima, Robson teria percebido a presença dos outros acusados, que também integravam uma facção rival. O órgão ministerial aponta que Vasconcelos gritou pedindo a participação dos comparsas no ataque.

"Atendendo ao chamado do primeiro denunciado, os corréus, e o adolescente, de igual forma, iniciaram, também, uma sequência de agressões, agora com chutes, socos, paus e pedras. Nessa altura, a vítima já não expressava qualquer reação, não sendo suficiente, porém, para cessar as agressões. Ato contínuo, Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira Xavier empunhou uma arma de fogo a qual portava, e efetuou disparo contra Jefferson de Brito Teixeira"

No interrogatório, Vasconcelos teria dito aos policiais que o espancamento teve início porque o adolescente havia tentado roubar o celular de uma mulher. Ele negou ter efetuado os disparos de arma de fogo.

José Jorge de Sousa Oliveira e David Hugo Bezerra da Silva tinham sido soltos horas antes do homicídio contra o jovem e cumpriam medida cautelar de monitoramento com tornozeleira eletrônica. A Polícia chegou ao paradeiro da dupla após os localizadores apontarem presenças de ambos no local do crime.

 

 

 

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