Promotor diz que mortes devem enfraquecer PCC

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 01:54)
Legenda: O promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya, descartou qualquer chance de envolvimento de outras facções neste crime
Foto: FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK

Um desentendimento interno continua sendo a principal linha de investigação sobre a execução de 'Gegê' e 'Paca', do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que acompanha processos criminais contra a dupla morta, afirmou que os assassinatos devem enfraquecer o PCC.

"Descartamos qualquer chance de envolvimento de outras facções neste crime. As mortes foram um acerto de contas dentro do PCC. Todas as vezes que ocorrem desentendimentos em qualquer organização, essa disputa interna pelo poder, enfraquece. É prematuro responder se essa ação vai resultar em outras mortes", disse o promotor, ontem, em entrevista ao Diário do Nordeste.

Leia ainda:

> Líderes do PCC moravam há um ano em condomínio de luxo no Ceará
> Reserva indígena teme represália, após execução da cúpula da facção
> Almirante diz que vê problema do Ceará como 'prioritário' 
> Sucateamento da Polícia Civil em xeque

Lincoln Gakiya acrescentou que, até o momento, o Gaeco desconhece nomes que possam substituir 'Gegê do Mangue' e 'Paca' no PCC. Conforme o promotor, a dificuldade em repor os integrantes assassinados está em o restante da cúpula não ter alguém de confiança suficiente.

"Todos os outros estão presos. Eles têm que encontrar criminosos em liberdade que todos confiem. Para o PCC é importante ter membros da cúpula soltos. A maior perda neste momento na facção é essa ausência de pessoas da liderança em liberdade".

Atuação

O promotor diz que acredita que 'Gegê do Mangue' e 'Paca' estavam no Ceará em uma viagem a passeio com as suas famílias. No entanto, o MPSP não descarta que, a dupla estivesse ordenando crimes e estipulando rotas para chegada e envio de entorpecentes, em Fortaleza.

O promotor ressaltou que, após as mortes, foi descoberto que ambos os líderes do PCC portavam documentos falsos. O investigador também afirmou que a permanência dos criminosos no Ceará não foi uma surpresa, já que, segundo Gakiya, 'Paca' esteve na região há pouco mais de um ano, com a família, visitando pontos turísticos.

Histórico

A facção Primeiro Comando da Capital chegou ao Ceará, no ano de 1999. No livro "Laços de Sangue, a história secreta do PCC", o procurador Márcio Sergio Christino, que atuou em investigações contra a facção paulista entre 1990 e 2000, narra os detalhes das relações do grupo criminoso. Uma lista de crimes cometidas pela organização é citada no livro, entre elas assaltos, assassinatos, rebeliões e sequestros.

A relação entre Marcos Willians Herbas Camacho, o 'Marcola' - apontado como o chefe da facção - e Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', é mencionada. Um 'salve' (termo utilizado pelos detentos para passar informações dentro da cadeia), enviado de 'Gegê' para 'Marcola', dizia: "a caminhada já foi feita. Machadinho já era. Operação foi bem-sucedida. O paciente foi operado". A mensagem se referia à execução do juiz corregedor de Presidente Prudente, Antônio José Machado Dias, que os presos consideravam extremamente rígido.

O magistrado sofria constantes ameaças e sempre contava com escolta da PM. Antônio Dias foi morto com três tiros, sendo um no braço, um no peito e o tiro fatal, na cabeça. O PCC é apontado como responsável.