PMs e agentes socioeducadores presos por sequestro cobraram R$ 350 mil para liberar vítima

O homem foi arrebatado de dentro de casa, no Município de Itapipoca, e ficou sob domínio dos criminosos por cerca de 12 horas

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
armas, celular e outros itens apreendidos na operação
Legenda: Na operação, foram apreendidas quatro armas, sendo três pistolas e um revólver, além de munições, balaclavas e o veículo utilizado no crime
Foto: Divulgação/SSPDS

Os três policiais militares e os dois agentes socioeducadores, além de uma mulher, presos em flagrante em Fortaleza, na última quarta-feira (8), por um sequestro, cobraram R$ 350 mil para liberar a vítima. O homem foi arrebatado de dentro de casa, no Município de Itapipoca, e ficou sob domínio dos criminosos por cerca de 12 horas.

Foram presos o cabo PM Marcos Aurelio Costa da Silva e os soldados PM Daenio Morais Rodrigues e Francisco de Assis Castro Martins; os agentes socioeducadores do Estado, Admilton José Castro Lima e Danilo Felício Chaves; e Jessica Ribeiro da Silva.

De acordo com as investigações iniciais do caso, um veículo Kia Cerato, de cor prata, parou em frente à residência da vítima, no bairro Nova Aldeota, em Itapipoca, por volta de 3h de quarta (8). Três criminosos desceram do veículo encapuzados e armados, arrombaram a porta e sequestraram o homem, que estava com a esposa e a filha. Ele já saiu da residência algemado e depois teve a cabeça coberta.

O homem sequestrado (identidade preservada) tem passagem pela Polícia por receptação, em 2014, e afirma que hoje não está ligado à criminalidade e trabalha com compra e venda de veículos. Em depoimento à Polícia, ele contou que o motivo do sequestro seria porque ele era subordinado a um "cartãozeiro" (estelionatário) e os sequestradores queriam ter acesso ao dinheiro desse criminoso.

 

De acordo com documentos obtidos pela reportagem do Diário do Nordeste, a quadrilha cobrou R$ 350 mil para liberar a vítima, valor que depois desceu para R$ 200 mil. O homem informou que não tinha esse dinheiro e, em contato com a esposa, mandou a mesma vender a casa, o carro, um motocicleta e outros pertences. Ela teria conseguido R$ 50 mil, até o sequestro ser frustrado.

Ele afirmou ainda que ficou em cárcere privado em uma casa, provavelmente na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), mas não sabia informar o local exato porque estava encapuzado. Lá ele teria sofrido agressões nas costas, nos braços e nas costelas, o que foi confirmado por exame de corpo de delito feito pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce). 

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Dano em veículo ajudou Polícia

A operação policial que chegou à prisão dos seis suspeitos contou com participação da Polícia Civil do Ceará (PCCE), através do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte (DPJI Norte), da Divisão Antissequestro (DAS), da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e da Delegacia Regional de Itapipoca; e da Coordenadoria de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Conforme as informações obtidas pelo Diário, um dano na lateral esquerda do para-choque dianteiro do veículo Kia Cerato ajudou os policiais a localizarem o veículo. As investigações descobriram também que um automóvel Volkswagen Fox prata dava apoio à ação criminosa. 

Os dois veículos terminaram localizados em Fortaleza, na tarde de quinta-feira (8), e foram abordados. No veículo Fox, estava um policial militar fardado, que transitava pelo bairro Conjunto Ceará e mantinha contato com o grupo, que estava no outro veículo, encontrado na Barra do Ceará.

Jessica Ribeiro da Silva, irmã de um policial penal e de um homem que está preso no Sistema Penitenciário do Ceará, alegou que é amiga de um policial militar preso em flagrante e que emprestou o carro a ele e foi até o encontro do grupo em razão da amizade com o mesmo, mas não tinha conhecimento do sequestro. Já os servidores públicos estaduais ficaram calados durante o depoimento.

Com o grupo, a Polícia afirma terem sido encontrados quatro armas de fogo (três pistolas e um revólver), munições, balaclavas e os veículos utilizados diretamente e no apoio da ação criminosa. Os suspeitos foram autuados pelos crimes de extorsão mediante sequestro e associação criminosa. 

A defesa do agente socioeducador Diego Felício Chaves informou que não irá se manifestar neste momento, porque ainda apura os fatos. Já as defesas dos demais suspeitos não foram localizadas pela reportagem para comentar as prisões.

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