IPPOO II registra fugas e prisão de servidor por corrupção neste ano
SAP investiga os crimes ocorridos no presídio. A fuga de 17 presos, ontem, foi a maior do sistema penitenciário cearense, na gestão Mauro Albuquerque. Um agente penitenciário foi preso, no mês passado, por ligação com facção
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) está em alerta pelos episódios ocorridos no Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II, localizado em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Neste ano, o presídio já registrou duas fugas de detentos (inclusive a maior da gestão Mauro Albuquerque) e a prisão de um agente penitenciário por suspeita de corrupção - ele levaria armas e daria apoio a uma fuga em massa dos membros de uma facção criminosa.
Mesmo após a detenção do servidor, 17 internos fugiram do presídio, na madrugada de ontem. Os cadeados de duas celas e da ala onde os internos eram custodiados (de difícil acesso) foram abertos. A reportagem apurou que a SAP suspeita que houve apoio externo para a fuga. Depois, os presos utilizaram uma "teresa" (corda feita com lençóis) para escalar a muralha e deixar o presídio.
Questionada sobre os cadeados, a Pasta informou que "para não prejudicar o trabalho da investigação, prefere não detalhar as cenas e elementos do local da fuga". Mas confirmou que o efetivo de agentes penitenciários que estava de plantão na madrugada foi levado à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), para prestar esclarecimentos.
O servidor Milton Oliveira Martins Neto, que era lotado no IPPOO II, foi preso pela DAI, em Itapajé, no dia 9 de junho deste ano. Ele confessou ter levado aparelhos celulares por R$ 2 mil cada, para dentro do presídio, a pedido de lideranças da facção Guardiões do Estado (GDE), que é predominante entre os presos da unidade penitenciária. Foram pelo menos três negociações, sendo que uma rendeu a ele R$ 16 mil (para entregar oito celulares).
A investigação descobriu ainda que o policial penal levaria armas para serem utilizadas em uma fuga em massa dos detentos, em que ele próprio seria utilizado como refém. Milton Neto recebeu R$ 25 mil adiantados e iria faturar o total de R$ 150 mil, mas o plano não chegou a ser colocado em prática. O agente alegou que aceitou as propostas da facção criminosa para sustentar o vício em apostas online em jogos de futebol.
Fugas
A fuga de 17 presos foi a maior do sistema penitenciário desde a chegada do secretário Mauro Albuquerque, em janeiro de 2019. O gestor ficou conhecido por endurecer o regime nos presídios e diminuir os incidentes criminosos, como fugas e motins. Em contrapartida, recebeu diversas denúncias da prática de tortura, as quais ele desmente.
O Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II já tinha registrado outras duas fugas em 2020. No dia 4 de janeiro, o detento Edirardo Matos da Silva, de 40 anos, que responde por homicídio e roubo, conseguiu sair da Unidade. Mas três horas depois, ele foi recapturado pela SAP e pela Polícia Militar.
Em junho, Francisco Tiago de Sousa, de 34 anos, fugiu quando fazia um serviço de capinagem. Ele era um interno classificado para o trabalho do lado externo da unidade.
Procurados
Dentre os 17 presos que fugiram ontem, três haviam sido recapturados, até o fechamento desta matéria. Um deles, o Irisvando Rafael da Silva, conhecido como "Nego da Titia", foi localizado por agentes penitenciários e PMs, durante a manhã. Ele tem antecedentes criminais por homicídio, roubo e uma fuga de estabelecimento prisional, nos municípios de Aracati e Fortim. O nome dos outros dois recapturados não foi informado.
As autoridades ainda procuram pelos outros 14 fugitivos, que respondem pelos crimes de homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte), roubo, furto, receptação, dano, porte ilegal de arma de fogo, organização criminosa, tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro, fuga de pessoa presa, desobediência e também crime de falsa identidade.