Helicóptero utilizado para matar 'Gegê do Mangue' e 'Paca' desencadeou operação contra PCC em SP

Piloto da aeronave, que colaborou com as investigações, tentou suicídio no presídio. Ex-proprietário do helicóptero foi preso na Operação Rei do Crime

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
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Legenda: Localização do helicóptero utilizado para matar os líderes do PCC foi indicada pelo piloto Felipe Morais

Uma investigação sobre a propriedade do helicóptero utilizado pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Sousa, o 'Paca', no Ceará, desencadeou a Operação Rei do Crime, da Polícia Federal (PF) em São Paulo, deflagrada na última quarta-feira (30). A ofensiva combateu o braço financeiro da organização criminosa com o bloqueio de R$ 730 milhões em contas bancárias, a interdição de 73 empresas e a prisão de 13 suspeitos.

'Gegê do Mangue' e 'Paca', líderes da facção criminosa, foram assassinados a tiros em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em 15 de fevereiro de 2018. Conforme a investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE), o crime foi motivado por uma suspeita de traição, dentro do próprio PCC. Dez pessoas foram acusadas pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pelo duplo homicídio e se tornaram réus na Justiça Estadual.

"Dentro desse crime, foi utilizado um helicóptero. Nós identificamos o primeiro proprietário do helicóptero. A partir dessa identificação, nós percebemos que era uma empresa fictícia e a pessoa que constava como proprietária dessa empresa não tinha absoluta capacidade financeira para ter aquele helicóptero", revela o coordenador da Operação, delegado federal Rodrigo De Campos Costa.

"Nós voltamos em um proprietário desse helicóptero e também fizemos uma análise bastante detida, econômico-financeira, a qual tivemos a prisão preventiva decretada. A partir dessa pessoa, fizemos uma pesquisa da sua evolução patrimonial, de empresas que tinham seu nome envolvido direto e indiretamente. E identificamos que ele teve vários postos de combustíveis e algumas empresas de consultoria", continua.

Segundo Costa, esse segundo homem também não tinha capacidade financeira. A PF avançou para o contador da empresa e descobriu que o profissional abriu várias empresas que atuam no mercado de combustíveis, que serviriam para lavar o dinheiro do tráfico internacional de drogas do PCC.

Nove prisões aconteceram em São Paulo e quatro em um hotel em Salvador, na Bahia. As identificações não foram divulgadas. O grupo movimentou cerca de R$ 30 bilhões, segundo a PF. A investigação conseguiu ainda, na Justiça, o bloqueio de 32 automóveis, nove motocicletas, dois helicópteros, um iate, três motos aquáticas, 58 caminhões e 42 reboques e semirreboques, bens avaliados em um total de R$ 32 milhões.

Piloto

Um dos dez acusados de matar 'Gegê do Mangue' e 'Paca', o piloto Felipe Ramos Morais, colaborou com as investigações policiais ao ser preso, com a informação da localização da aeronave utilizada no duplo homicídio e outros detalhes. Felipe sustenta que prestou depoimento sob a condição de acertar uma delação premiada com as autoridades cearenses, que negam ter selado o acordo.

Devido à insatisfação com as autoridades, o piloto fez greve de fome, em 2019. E tentou suicídio na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, no dia 18 de setembro, ao ingerir água sanitária na cela. Ele foi socorrido rapidamente.

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) enviou uma cópia, para a Comarca de Aquiraz, no dia 29 de setembro último, com informações repassadas ao juiz corregedor sobre a inclusão de Felipe Morais no Protocolo de Atendimento e Acompanhamento aos Internos nos Casos de Risco ou Tentativa de Suicídio.

Banco Central

Outro alvo da Operação Rei do Crime também tem relação com um crime ocorrido no Ceará. Um dos presos pela Polícia Federal por ser um empresário do ramo de combustíveis, envolvido com o esquema criminoso, também é acusado de participar do furto ao Banco Central, também orquestrado pelo PCC, na capital cearense, em 5 de agosto de 2005. Ao todo, a quadrilha levou R$ 164 milhões do cofre da Instituição.

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