Guarda de Fortaleza vai usar arma de fogo

116 agentes municipais devem passar por avaliação psicológica e curso prático para garantir a autorização

Escrito por Emanoela Campelo de Melo - Repórter ,
Legenda: O vice-prefeito da capital cearense, Moroni Torgan, e o superintendente da Polícia Federal no Ceará, delegado Delano Bunn se reuniram, na manhã de ontem, no Paço Municipal para firmar o convênio
Foto: Foto: Prefeitura Municipal de Fortaleaz/divulgação

Um convênio firmado, ontem, entre Polícia Federal (PF) e Prefeitura Municipal de Fortaleza trouxe uma novidade aos servidores que atuam na Capital: guardas municipais poderão utilizar arma de fogo durante o serviço. Conforme a Prefeitura, a partir do dia 12 de janeiro de 2018, 116 integrantes que compõem as Guardas Comunitárias e o Grupo Especial devem estar habilitados para o uso de armamento letal.

Na manhã de ontem, o vice-prefeito da capital cearense, Moroni Torgan, e o superintendente da Polícia Federal no Ceará, delegado Delano Bunn, se reuniram no Paço Municipal para assinar documento que, após o treinamento, faculta aos agentes o porte para utilização de armas de fogo, com foco na prevenção da violência e em defesa da população civil.

Conforme o vice-prefeito, o convênio é para que os guardas municipais tenham melhor treinamento. A capacitação também é voltada para integrantes do Destacamento que irão atuar no programa de segurança municipal, que inclui a instalação de torres de vigilância em áreas de alta vulnerabilidade da Cidade.

"Eles terão um treinamento de alto nível, inclusive para utilizar armas de fogo no momento necessário e no tempo certo, além de terem todos os recursos em mãos para quando houver a necessidade de utilizá-las", afirmou Moroni Torgan.

A Prefeitura lembra que, para participar do curso, os guardas municipais têm de ser aprovados, primeiramente, pela equipe de psicólogos credenciados pela Polícia Federal. Com a aprovação, os agentes terão curso de armamento e tiro com duração de 100 horas/aula.

O secretário Municipal de Segurança Cidadã, Antônio Azevedo Vieira Filho, afirma que o curso está de acordo com a Lei do Estatuto do Desarmamento e o Regimento. Já o superintendente da PF no Ceará lembra que a Instituição dará a capacitação necessária compreendendo o regulamento do Exército Brasileiro.

Delano Bunn afirma que, para a PF, também é importante que o Município de Fortaleza ganhe a "paz social" e exista uma Segurança Pública no sentido macro. O superintendente ressaltou que as pistolas calibre 380 só serão disponibilizadas aos agentes que passarem nos exames teórico e prático.

Atuação nas ruas

Para o presidente do Sindicato dos Agentes Municipais de Segurança Pública do Estado do Ceará (Sindiguardas), Jamal Carvalho, o uso de armas letais é um ganho na categoria. Carvalho lembra que o convênio era uma necessidade antiga devido às constantes ameaças e agressões sofridas pelos servidores.

"Há duas semanas tivemos três guardas agredidos durante o serviço. Só neste ano, foram assassinados seis guardas municipais. Vamos acompanhar esse convênio", disse o presidente.

O guarda municipal Maurício Melo também considera como positivo o convênio e acrescenta que sem arma de fogo a rotina de trabalho é de muita vulnerabilidade. "Com a arma de fogo há poder de defender a população e a própria vida do servidor. Sem arma, os criminosos nos enxergam como alvo fácil", disse.

O pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) e professor da Universidade Federal do Ceará, Luiz Fábio Paiva, afirma que armar as pessoas, oferecer treinamento e as colocar em lugares violentos não é solução para a violência da Capital.

"Mais homens armados estarão em Fortaleza sem resolver um problema que deveria ser enfrentado desde a base, com serviços de assistência social e apoio às comunidades e escolas públicas", afirmou Paiva.

Fortaleza será o segundo Município do Ceará a habilitar os guardas para utilização de armas letais. Em junho de 2016, a Prefeitura de Maracanaú assinou convênio com a PF para armar os servidores. Segundo Delano Bunn, até então, o acordo não resultou em incidentes.

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