Gaeco deflagrou 15 operações contra crime organizado em 2019

As ações do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará, resultaram em 54 pedidos de transferência para presídios federais de líderes das facções, que foram acatados pela Justiça

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

O Estado, através dos mais variados órgãos, intensificou o combate às facções criminosas em 2019. O Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), foi um dos responsáveis pela reação dada aos atos violentos. Entre as ações do Grupo neste ano, estão 15 operações deflagradas e 54 pedidos de transferência de líderes das facções, que foram acatados pela Justiça.

O Gaeco investiga organizações criminosas violentas e não-violentas (como quadrilhas que cometem crimes contra a administração pública). Mas o ano que está próximo do fim demandou mais esforços em uma frente. "No ano de 2019, em face dos ataques no Ceará, nós focamos o nosso trabalho nas facções criminosas. Cerca de 70% do nosso trabalho foi contra as facções", revela o coordenador do Grupo, promotor de Justiça Rinaldo Janja. "Foi um ano extremamente desafiador. Enfrentamos ataques no início de janeiro, em fevereiro e também tivemos ataques em setembro", corrobora o promotor Adriano Saraiva.

Em janeiro deste ano, as facções Comando Vermelho (CV), Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC) ordenaram mais de 200 ataques a instituições públicas e privadas e obrigaram que o Estado se reorganizasse. Uma das respostas urgentes à onda violenta foi a transferência das lideranças das facções, que teve o apoio do Gaeco. "O objetivo é o isolamento desses líderes. Quando você isola os líderes das facções criminosas, você quebra um pouco a estrutura dessas organizações", analisa Saraiva. Nas investigações, o Gaeco adotou outras estratégias para combater os grupos criminosos. O promotor Rinaldo Janja destaca a importância da integração entre os órgãos de Segurança Pública e Justiça, no Ceará, potencializada neste ano, tanto para as apurações como para os cumprimentos de mandados: "O segredo é integrar todas as Forças de Segurança Pública, Ministério Público, Poder Judiciário. Hoje, você vê o avanço que nós tivemos no combate às organizações criminosas, com a Vara de Delitos de Organizações Criminosas, com a atuação de juízes e servidores especializados".

Adriano Saraiva cita uma tática que diminuiu a força de muitos grupos criminosos com atuação no Ceará. "A questão de atuar no poderio financeiro dessas organizações criminosas. Conseguimos fazer uma série de bloqueios de contas, que eram movimentadas e que fomentavam a compra de armas e de drogas. Não só contas, mas também imóveis, automóveis".

Operações

Dentre as 15 operações deflagradas neste ano, o promotor Rinaldo Janja destacou os três desdobramentos da 'Saratoga' - que iniciou investigando um braço do PCC que atua em Fortaleza, mas chegou a outros membros da facção e até a quadrilhas independentes que tinham alguma relação com a primeira, liderada por Francisco Márcio Teixeira Perdigão, o assaltante de bancos, sequestrador e traficante 'Márcio Perdigão'. "É uma Operação muito grande contra uma facção criminosa, que remonta ao ano de 2015. Investigamos cerca de 300 alvos", explicou Rinaldo Janja.

Já o promotor Adriano Saraiva ressaltou a Operação Maçãs Podres, deflagrada em 30 de agosto deste ano. "Foi uma Operação também voltada ao combate às facções criminosas, mas com atuação de agentes públicos, policiais militares que se associavam a traficantes, davam proteção, faziam a prisão de traficantes rivais e a apreensão desses produtos que eram revendidos e divididos entre os policiais militares e esses traficantes (aliados)".

O promotor Rinaldo Janja acredita que o Estado conseguiu ceifar as 'cabeças' do crime organizado. "Aqui no Estado do Ceará, conseguimos chegar aos 'cabeças' (chefes) da facção local, a GDE. As lideranças atuais, todas, estão neutralizadas, no sistema penitenciário federal", cita.

Ao ser questionado sobre as lideranças do CV e do PCC, o promotor destaca que ainda há trabalho a ser feito. "Nós detectamos, sabemos quem são essas pessoas e algumas delas foram para o sistema federal também. Mas os 'cabeças' não estão no Ceará".

Segundo o Gaeco, as investigações contra o crime organizado, realizadas junto de outros órgãos, como a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e Polícia Federal (PF) tenham colaborado com a redução de índices como homicídios e roubos, no Ceará, em 2019. "A partir do momento que você controla a atuação dessas facções criminosas, é uma consequência natural a diminuição de homicídios e roubos. No esquema da facção, além do tráfico de entorpecentes, está o roubo, para fazer dinheiro, e o homicídio, porque determinadas lideranças mandam executar desafetos", explica o membro do Gaeco Adriano Saraiva.

Perspectivas

Para 2020, o Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas pretende evoluir na área tecnológica, para otimizar a Inteligência e continuar a combater as facções criminosas. Uma aposta do Ministério Público do Ceará é o Núcleo de Inteligência e Apoio Técnico (Niat), que começou a atividade em outubro deste ano, para centralizar as informações de investigações criminais e disparar para os demais setores do MPCE.

"A guerra de hoje é por informação. Nós, hoje, temos como uma vertente no combate às organizações criminosas a informação, feita através da Inteligência. A comunidade de Inteligência do Ceará, hoje, está integrada e monitora as células criminosas que estão surgindo", aponta Janja. "A gente tem um trabalho de Inteligência de excelência. Foi criado o Niat, que é um órgão especializado nessa investigação de inteligência. E a gente está sempre atento. Porque você isola uma liderança, vem outra que substitui", relaciona Saraiva.

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