Falso médico que atendia em hospital no Ceará é PM; saiba como ele agiu para a farsa
Policial foi preso em flagrante e solto poucas horas depois, em audiência de custódia
O homem suspeito de exercer ilegalmente a medicina, em uma unidade de saúde em Paraibapa, litoral oeste do Ceará, é um soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque, de 34 anos, foi preso na noite desse sábado (16) e solto horas após, em audiência de custódia.
A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso com exclusividade ao modus operandi adotado pelo soldado para conseguir se passar por médico. O homem teria conseguido a vaga por meio de um grupo de Whatsapp e disse saber que não poderia exercer a Medicina no Brasil.
A reportagem também apurou que o Ministério Público do Ceará (MPCE) foi a favor da concessão da liberdade provisória ao custodiado. A Justiça decidiu que a prisão é medida extrema e que seria desproporcional à conduta do autuado. Na decisão, a juíza suspendeu o efeito do flagrante, concedeu a liberdade e dispensou o pagamento da fiança.
Veja também
A Polícia Militar informou em nota que "o policial em questão encontra-se afastado das suas atividades por meio de licença para tratamento de saúde. Atualmente, encontra-se na situação de agregado por, há mais de um ano, estar nessa condição", acrescentou.
Nesse contexto, a PMCE produz um relatório para abertura de procedimento disciplinar junto à Controladoria Geral de Disciplina (CGD) contra o agente.
VEJA VÍDEO DA PRISÃO:
A defesa do suspeito alegou que ele tem ocupação lícita e residência fixa, morando atualmente no Rio Grande do Norte. Consta na decisão proferida no 12º Núcleo Regional, Comarca de Plantão Judiciário no Interior do Estado, que o PM deve comparecer trimestralmente em juízo.
DETALHES DA FARSA
Quando detido, Khlisto apresentou aos policiais sua carteira funcional da PMCE e disse ter consciência de que não tinha habilitação para exercer a Medicina no Brasil. Ele disse aos policiais que teria cursado Medicina no exterior, precisamente no Paraguai, e que, por meio de um grupo de Whatsapp, conseguiu vaga para substituir um plantonista no Hospital Público de Paraipaba.
O soldado diz não ter feito a revalidação do curso para atuar no Brasil
Na versão do suspeito, ele não tinha acesso ao sistema de prontuário e atendia pacientes por meio de um registro profissional feito de forma manual. Para validar as receitas repassadas, se valia de um carimbo que teria sido emprestado por um médico do Rio Grande do Norte.
Ele ainda afirmou que estava de licença do serviço de policial militar e que teria entrado em um grupo de Whatsapp composto por médicos, onde negociavam trocas de plantões, para complementar a renda e sustentar os filhos.
Com o suspeito foram apreendidas dezenas de caixas de medicamento, incluindo ansiolíticos para ansiedade. Também foram recolhidas uma pistola e munições.
INVESTIGAÇÃO
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a conduta de Khlisto será investigada pela unidade policial do município: "O homem foi conduzido à Delegacia Metropolitana de Caucaia, unidade plantonista da PC-CE. O caso será investigado pela Delegacia Municipal de Paraipaba".