Facção que atua em Caucaia tinha grupo no WhatsApp para cobrar membros inadimplentes
Grupo criminoso também tinha grupos, no Aplicativo, para monitorar ações policiais e planejar ataques a rivais
Uma quadrilha, ligada a uma facção cearense, com atuação em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), tinha um grupo na rede social WhatsApp voltado para cobrar membros inadimplentes (ou seja, que estavam com dívidas), segundo uma investigação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Os suspeitos - detidos na Operação Salus em agosto deste ano - tiveram as prisões prorrogadas, pela Justiça Estadual, na última sexta-feira (16).
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a Operação decorreu da prisão do líder Valclecy do Nascimento da Silva, conhecido como 'Jatobá', que estava na posse de dois tabletes de maconha e de dois aparelhos celulares, em setembro do ano passado.
O aprofundamento da investigação, realizado pela Delegacia Metropolitana de Caucaia e pela Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a partir da extração de dados telemáticos, apontou que 'Jatobá' é o líder de uma facção cearense no bairro Guajirú, em Caucaia.
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O suspeito participava de três grupos no WhatsApp, relacionados à facção, que tinham como funções "monitorar a movimentação da polícia na área utilizada para exercício do tráfico de drogas, arquitetar crimes contra a facção rival e organizar as cobranças das mensalidades pagas por seus integrantes ('caixinhas')", segundo relatório policial.
O grupo destinado à cobrança dos membros inadimplentes continha apenas sete membros, que deviam adicionar mais comparsas que deviam à "caixinha" há pelo menos três meses.
Uma mensagem foi publicada no grupo, no dia 17 de setembro de 2021 (o mesmo dia da prisão de Valclecy) para anunciar o objetivo daquele espaço: "Boa tarde a todos. Meus irmão trabalho nesse GP (grupo) vocês já sabe né. Trazer todos os irmão e irmã inadiplente com a caixinha, de 3 mês pra cima ok (sic)".
Prisões dos suspeitos são prorrogadas
O acesso aos grupos do WhatsApp permitiu à Polícia identificar outros suspeitos de integrar a facção cearense no Guajirú, que foram alvos de mandados de prisão temporária, no fim de agosto deste ano. Entre eles, pessoas que já tinham antecedentes criminais por delitos como organização criminosa, homicídio, roubo, tráfico de drogas e ameaça.
Sete presos na Operação Salus tiveram as prisões temporárias prorrogadas, por decisão da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, na última sexta-feira (16): Edenildo Assunção Silva, Francisco Franklin Soares Muniz, Janete Clea Pinheiro Façanha, Jonas Cruz Gomes, Lindeson Nunes da Silva, Rodrigo Dutra Barros e Thainara Soares da Costa.
Sendo que Thainara da Costa teve a prisão convertida para domiciliar, "tendo em vista sua condição de gestante e que trata-se de gravidez derisco intermediário".
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A Vara entendeu que a manutenção das prisões é importante para a continuação das investigações policiais. "Analisando os fatos ora narrados é imprescindível que estes devam ser melhores apurados, sendo dever do Poder Judiciário conceder os instrumentos necessários, para que as autoridades policiais, dentro da estrita legalidade, possam efetuar as investigações necessárias, colher elementos suficientes de convicção e coibir a prática delituosa, garantindo assim a manutenção da ordem pública, que dentre outras coisas se impõe como medida indispensável, para a manutenção da credibilidade dos órgãos que lidam com a Justiça", justificou.