Ex-motorista de secretaria é preso suspeito de planejar roubo em casa de prefeito de Crateús
Suspeito se candidatou a vereador no município em 2016 com apoio da vítima. No dia do crime, ele ficou próximo ao prefeito, que estava cumprindo agenda de campanha, para sinalizar ação
A Polícia Civil do Ceará (PCCE) informou, nesta segunda-feira (8),que prendeu o principal suspeito de arquitetar um roubo na casa do prefeito de Crateús, Marcelo Machado (Solidariedade), em outubro de 2020. O mentor do crime trabalhava como motorista da Secretaria Municipal da Saúde do Município e chegou a trabalhar no gabinete do prefeito.
As informações foram reveladas pelo delegado geral da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Marcus Rattacaso, e pelo delegado Mateus Araújo, titular da Delegacia Regional de Crateús, em coletiva de imprensa.
O roubo à residência ocorreu no dia 15 de outubro de 2020 após sinalização do mentor da ação. "A princípio, o que nos chama atenção é que o principal articulador da ação criminosa foi uma pessoa que tinha ligação direta com o prefeito", afirmou Rattacaso, identificando o suspeito como Jonny, o "Gordinho". Ele foi preso na última sexta-feira (5).
Jonny já foi funcionário do gabinete do prefeito do município e teve apoio da vítima ao se candidatar a vereador de Crateús em 2016. A Polícia acredita que, com a convivência com o gestor municipal, Jonny tenha se aproveitado para preparar o crime, no qual seria levado um cofre com uma grande quantia de dinheiro. Ele, então, juntou-se com José Teixeira da Paz Neto, 28 anos, para preparar a ação criminosa.
Como foi o crime
Dias antes do crime, os dois suspeitos foram de Crateús a Fortaleza para conversar com o namorado da irmã de Neto, identificado como João Victor Lima Rodrigues, 22 anos. Jonny e Neto fizeram a viagem usando carro oficial da secretaria da Saúde do município e tiveram, inclusive, diárias pagas pela Prefeitura.
Eles também fizeram contato com Diego Batista Leles, 32 anos, conhecido como "Blindador" por trabalhar com blindagem de veículos. Um quinto suspeito, Cláudio Moreira Julião Filho, 33 anos, forneceu um dos veículos utilizados na ação, que aconteceu enquanto o prefeito cumpria agenda de campanha de reeleição. A investigação aponta que Jonny, na companhia do gestor municipal, deu "sinal verde" para o grupo executar o plano.
No dia 15 de outubro de 2020, Diego, João Victor e uma sexta pessoa foram à casa do prefeito, localizada na zona rural de Crateús, em um veículo. Lá, anunciaram o assalto e reviraram o quarto da vítima em busca do cofre revelado por Jonny, mas não acharam o item. Eles, então, levaram uma maleta, na qual havia documentos e uma quantia entre R$ 10 a 12 mil. Funcionários da casa foram trancados durante a fuga.
Neto, apontado como segundo mentor do crime, estava ao aguardo, em uma estrada carroçável, com um segundo veículo, que levaria o cofre para um local mais seguro. Na ação, o carro apresentou problemas mecânicos e forçou o motorista a parar em uma via. Policiais militares se depararam com o veículo à beira de uma estrada e abordaram Diego, que se contradisse várias, sendo levado à Delegacia Regional de Crateús.
Em depoimento, Diego afirmou que tinha sido contratado para fazer um serviço em troca de uma blindagem em um automóvel, mas apresentou outro relato contraditório. Os agentes, durante as diligências, encontraram as roupas dos infratores, os documentos e a maleta também em uma estrada carroçável.
Prisões
Ao longo das investigações, a Polícia Civil identificou os nomes de suspeitos, os veículos utilizados e mais informações sobre o crime. João Victor foi o segundo suspeito capturado, preso em 16 de dezembro. Embora resida em Fortaleza, ele foi localizado em um imóvel na zona rural de Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e levado a Crateús para prestar depoimento.
Após a prisão de Jonny no último sábado, a Polícia capturou Cláudio a caminho do trabalho, em uma oficina no bairro Luciano Cavalcante, no último sábado (6).
A Polícia Civil busca capturar Neto e uma sexta pessoa envolvida na ação. Embora nem todos os envolvidos estejam presos, o caso é considerado "100% resolvido". "Tem toda a materialidade comprovada; toda a autoria comprovada e indicada; o foragido tem mandado de prisão expedido; a motivação toda está esclarecida", ressaltou Rattacaso.