Como agia quadrilha ligada ao Comando Vermelho que matou policial militar em assalto em Fortaleza

Um suspeito de participar do crime foi preso e outro, morto em confronto com a Polícia. Um terceiro homem e um comparsa na facção são procurados pela Polícia

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Policial militar foi morto a tiros dentro de veículo, no bairro Quintino Cunha
Legenda: Policial militar foi morto a tiros dentro de veículo, no bairro Quintino Cunha
Foto: Reprodução

Os suspeitos de matar um policial militar em um assalto, em Fortaleza, na última segunda-feira (10), integram a facção criminosa Comando Vermelho (CV), costumam cometer crimes juntos e tinham como objetivo roubar e furtar veículos, para vendê-los. É o que aponta a investigação parcial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE).

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o 1º sargento da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Flávio Nascimento Rodrigues tinha ido deixar um amigo em casa, na Rua Raimundo Pinheiro Bastos, bairro Quintino Cunha, quando foi surpreendido por três criminosos, que utilizavam outro veículo e anunciaram o assalto.

O policial teria feito menção de que puxaria a arma, o que fez a quadrilha atirar. Flávio Rodrigues sofreu quatro tiros. Os criminosos roubaram a pistola funcional do PM e fugiram. O militar foi socorrido por colegas de farda, mas não resistiu aos ferimentos.

As Forças de Segurança do Estado foram acionadas e, em poucos minutos, identificaram que três suspeitos de cometer o latrocínio (roubo seguido de morte) eram monitorados pelo Sistema de Justiça por tornozeleiras eletrônicas - o que ajudou a localizá-los.

Em uma ação integrada entre DHPP, coordenadorias de Inteligência (Coin) e de Operações Aéreas (Ciopaer), da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), e equipes da Polícia Militar, Manuel Rômulo Barbosa foi preso no bairro Bela Vista. Ele chegou a romper a tornozeleira eletrônica, mas recapturado.

Na sequência da operação, Thiago Frota Gomes foi localizado no bairro Álvaro Wayne, teria entrado em confronto com equipes policiais, foi baleado e morreu. O terceiro suspeito, identificado como Davi Sampaio Soares, de 20 anos, também rompeu o monitoramento eletrônico e é procurado pela Polícia.

A arma de fogo (um revólver) e um carro utilizados no crime que vitimou o PM foram apreendidos pelos policiais. O quarto suspeito de envolvimento no crime, Anderson Ismael Andrade Soares, 19, também é procurado pela Polícia, por guardar a arma para a quadrilha.

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Recapturado, Manuel Barbosa já tinha passagens pela Polícia por homicídios, tentativa de roubo com restrição de liberdade, integrar organização criminosa, crime contra a administração pública e receptação.

Já Thiago Gomes, que morreu em um confronto com a Polícia, tinha antecedentes criminais por roubo, receptação, associação criminosa e crime de adulteração de sinal identificador de veículo.

Davi Soares também já tem histórico criminal por roubos. Enquanto Anderson Ismael, quando adolescente, respondeu por atos infracionais análogos a tráfico de drogas e homicídio.

O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Ricardo Pinheiro, afirmou que os suspeitos eram vizinhos e costumavam cometer crimes juntos - já tendo sido presos desta forma. A quadrilha atuava principalmente pelos bairros Pirambu e Quintino Cunha, em Fortaleza.

"O suspeito preso relata que o comparsa o pegou em casa, com uma arma de fogo. Eles passaram cerca de 30, 40 minutos rondando pelas ruas do bairro, atrás de subtrair veículo automotor, para vender. Se depararam com a vítima, não sabiam que ele era policial militar, e decidiram realizar a abordagem. O policial fez menção de sacar sua arma, e eles efetuaram pelo menos quatro disparos contra o policial", narra Pinheiro.

Até pelo histórico e por tudo que foi apurado até então, tudo leva a crer que se trata efetivamente de um crime de latrocínio."
Diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
Ricardo Pinheiro

O subcomandante do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), tenente-coronel Hamisterdan Barbalho, trabalhava com o sargento Flávio Nascimento Rodrigues - que estava nos quadros da Polícia Militar desde 2001. "Era um excelente profissional, com liderança carismática e amigo. Gostava muito de interagir, uma excelente pessoa", lembra Barbalho.

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