Chefe de facção criminosa preso em SP tem julgamento marcado por tentar matar policial civil no CE

Júri popular está previsto para acontecer quase 18 anos após o crime. Acusado é apontado como principal fornecedor de drogas da Região Sul do Ceará

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
preso em são paulo
Legenda: Suspeito foi preso em Jaguariúna, no Interior de São Paulo
Foto: Divulgação/PC-CE

A Justiça Estadual marcou o julgamento de Damião Érico Cavalcante Nicolau por tentar matar um policial civil, em Juazeiro do Norte, em 2005. 'Damiãozinho', como é conhecido, preso em São Paulo na última terça-feira (26), é apontado pela Polícia como chefe de uma facção criminosa paulista, principal fornecedor de drogas da Região Sul do Ceará e suspeito de envolvimento nas mortes de outros dois agentes de segurança.

O júri popular pela tentativa de homicídio foi marcado pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte para o dia 13 de abril de 2023, às 8h30, quase 18 anos após o crime.

Os crimes de homicídio consumado e tentado prescrevem em 20 anos, em condições normais. Questionado sobre o andamento do processo, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) não emitiu resposta até a publicação desta matéria.

Damião Érico Cavalcante Nicolau foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por homicídio qualificado tentado (mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e para assegurar ocultação de outro crime).

Conforme a denúncia, 'Damiãozinho' era procurado pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) em Juazeiro do Norte por roubar uma motocicleta. No dia 10 de novembro de 2005, policiais civis visualizaram o suspeito na Travessa São Damião e tentaram abordá-lo, mas ele fugiu correndo.

Um policial perseguiu o suspeito, que sacou um revólver, efetuou um tiro contra as costas do agente de segurança e continuou em fuga, até se abrigar em uma residência e escapar da Polícia. O agente de segurança foi socorrido por colegas e levado a uma unidade de saúde.

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Principal fornecedor de drogas da Região Sul do Ceará

A Polícia Civil divulgou, em coletiva de imprensa na última quarta-feira (27), que Damião Érico Cavalcante Nicolau movimentava R$ 2 milhões por mês com o comércio de drogas na Região Sul do Ceará, onde ele era o principal fornecedor de entorpecentes.  

Também conhecido como "Damiãozinho", "Gaspar", "Vela" ou "Gringo", ele se passava como proprietário de uma empresa de fachada (do ramo de confecção de roupas femininas), junto da esposa, Adriana de Oliveira Feitosa. De acordo com a Polícia, o local funcionava como depósito de drogas.

"Ele era o principal fornecedor de drogas para o Sul do Ceará. Muita droga que ele mandava, depois que chegava no Sul do Ceará, era distribuída para outros pontos de venda no Estado", explicou o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Sandro Caron.

Material apreendido
Legenda: Material aprendido na prisão de criminoso mais procurado do Ceará
Foto: Divulgação PC-CE

Damião e Adriana viviam em Jaguariúna, na Região Metropolitana de Campinas (SP), onde tinham vida boa, segundo a Polícia. "Viviam bem, mas não podiam aparentar um luxo excessivo, pois assim despertariam atenção das autoridades. Tinham essa cautela de viver bem, mas com ganhos compatíveis ao de um comerciante de roupas", definiu Caron. 

Na residência do casal, foram apreendidos um revólver calibre 38 municiado, crack, cocaína, aparelhos celulares, uma balança de precisão, cadernos com anotações relacionadas ao tráfico de drogas, um carro, uma motocicleta e mais de 140 kg de insumos para fabricação e desdobramento de entorpecentes.

Mortes de outros dois agentes de segurança

Além do tráfico e associação para o tráfico de drogas, 'Damiãozinho' responde a homicídios e roubo, no Ceará. Contra ele, havia cinco mandados de prisão em aberto. Ele é apontado como o responsável pela contratação dos executores de um policial morto em Juazeiro do Norte, em 2011. 

Damião chegou a ser capturado no dia 8 de dezembro de 2017, mas, quatro dias depois, ele e a esposa, Adriana Feitosa, foram resgatados da Cadeia Pública de Milhã, no Sertão Central do Ceará. Na ocasião, outro policial foi morto. O casal era considerado foragido desde então.

 

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