Chefe de facção cearense conhecido como 'STF do Conjunto Esperança' é condenado a 29 anos de prisão

Na mesma decisão, uma mulher acusada de integrar o grupo criminoso foi absolvida e solta pela Justiça Estadual

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Vara de Delitos de Organizações Criminosas julgou o processo contra um homem e uma mulher, acusados de integrar uma facção cearense, no último dia 16 de novembro
Legenda: Vara de Delitos de Organizações Criminosas julgou o processo contra um homem e uma mulher, acusados de integrar uma facção cearense, no último dia 16 de novembro
Foto: Natinho Rodrigues

Um chefe de uma facção criminosa cearense, que se denominava 'STF do Conjunto Esperança', foi condenado a 29 anos e 2 meses de prisão, pela Justiça Estadual. Na mesma decisão, proferida no último dia 16 de novembro, uma mulher acusada de integrar o grupo criminoso foi absolvida e solta.

Reginaldo Alves dos Santos, conhecido como 'Irmão Play' ou 'STF do Conjunto Esperança', foi condenado pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas pelos crimes de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico e terá que cumprir a pena em regime inicialmente fechado.

Já Maria Ivonilda da Silva, a 'Rainha', foi absolvida pela Justiça das acusações de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. A Vara expediu alvará de soltura com urgência para a ré.

As defesas de Reginaldo e Ivonilda pediram a absolvição dos clientes, por falta de provas para a condenação; e a nulidade das provas produzidas contra os mesmos, por se basearem na extração de dados de objetos apreendidos sem autorização judicial, na posse de Yago Steferson Alves dos Santos, o 'Yago Gordão', um dos fundadores e chefes máximos da facção cearense e sobrinho de 'Irmão Play'.

Entretanto, a Vara de Delitos de Organizações Criminosas entendeu que "não existe a nulidade apontada". "A hipótese dos autos é diferente. Não há indícios de que o celular foi apreendido apenas após a busca residencial. Não suficiente, se assim o fosse, o ingresso no imóvel foi devidamente autorizado pelo preso cautelar", concluíram os magistrados.

Os advogados Tulio Magno, Janilson Ferrinha e Fabiano Lopes, que representaram a defesa de Maria Ivonilda, emitiram nota sobre a absolvição: "Por vezes uma imensidão de folhas distribuídas no processo contribui para que o Juiz tenha dificuldade em analisar corretamente o caso. Assim, para além dos argumentos de defesa, cabe ao Advogado destacar a verdadeira realidade probatória, assim como esclarecer o contexto de vida enfrentado pela pessoa processada. No caso específico, foi feita justiça, prevalecendo o bom senso, o que culminou, para além da absolvição, na soltura de uma pessoa que se encontrava injustamente presa há 3 anos”.

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Participação na facção criminosa

O Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu pela condenação dos dois réus. Segundo os Memoriais Finais do Órgão, a qual a reportagem teve acesso, os nomes de Reginaldo Alves dos Santos e Maria Ivonilda da Silva foram encontrados entre tramas criminosas, no aparelho celular de 'Yago Gordão', preso no Rio Grande do Norte, em 2018.

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seria o valor obtido pela facção criminosa, com o tráfico de drogas, por mês, à época, conforme as investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE).

Reginaldo é tio de Yago Steferson Alves dos Santos e, nas investigações policiais, foi identificado como um "homem de confiança" do sobrinho, com atuação de liderança do tráfico de drogas na região do Conjunto Esperança, em Fortaleza. 'Play' revendia as drogas do sobrinho, na região, segundo os investigadores.

Em uma conversa extraída do celular de Yago, Reginaldo se identificava como "STF do Conjunto Esperança". "STF é uma abreviação que a facção utiliza para a função de Sintonia Final, uma espécie de gerente ou administrador da área", explicou a Polícia Civil, em documentos obtidos pelo Diário do Nordeste.

Já 'Rainha' é acusada pelo MPCE de ser uma pessoa de confiança de 'Play'. Ela e a irmã seriam "responsáveis pelo recebimento e repasse de valores referentes ao tráfico de narcóticos, destaca-se também que efetivamente praticam a comercialização de entorpecentes", segundo a acusação.

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