Estado aposta em integração e inteligência para combater organizações criminosas internacionais

Governador Elmano de Freitas falou sobre a transformação da violência no Ceará e revelou a convocação de novos profissionais e a elaboração de novas tecnologias para a Segurança Pública do Estado

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) teve um investimento de R$ 196 milhões, entre recursos estaduais e federais
Legenda: Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) teve um investimento de R$ 196 milhões, entre recursos estaduais e federais
Foto: Divulgação/ Governo do Ceará

Integração e inteligência estarão à disposição da polícia cearense, com a inauguração do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), ocorrido na última segunda-feira (20). Para o governador do Ceará, Elmano de Freitas, esses são os caminhos para combater organizações criminosas internacionais - também conhecidas como facções - que atuam no Ceará.

O equipamento, que reúne a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e as suas vinculadas, Polícia Civil do Ceará (PC-CE), Polícia Militar do Ceará (PMCE), Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) e Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), teve um investimento de R$ 196 milhões. Mais de 2 mil profissionais trabalharão no Centro, localizado no bairro Aeroporto, em Fortaleza.

Elmano de Freitas destacou que o equipamento irá permitir que comandantes das diversas Forças de Segurança se reúnam rapidamente, com fácil acesso a dados e estatísticas: "O elemento central, que vai ajudar a estrutura, é o fato da proximidade, da integração. Concentrar, no mesmo espaço, as informações e as autoridades de decisão, favorece muito a agilidade e também a troca de ações estratégicas, não só nas crises. Mas você ir avaliando, de maneira conjunta".

A Inteligência dos Órgãos também será importante para o trabalho policial. "A Inteligência é fundamental e decisiva. Ela é um trabalho anterior ao trabalho da Polícia Judiciária, ela que apura muitas informações não oficiais, que muitas vezes permitem que a Polícia Civil faça uma investigação muito mais precisa. Chegar a chefes de organizações criminosas, identificá-los e prendê-los. Muitas vezes isso é possível a partir de uma informação de Inteligência", ressaltou o governador.

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O CISP ainda estará ao lado da Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará (PF) e do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública do Nordeste (CIISPR), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) - que concentra informações de todo o Nordeste, com policiais federais, militares e rodoviários federais de cada Estado.

"=Nós temos também a presença aqui de um dos cinco Centros Regionais de Inteligência, do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Segurança Pública, o que não é senão uma integração real, efetiva, que se dá tanto no espaço político, de articulação, mas também no compartilhamento da própria estrutura física, que facilita muito. Os trabalhos de inovação e modernização tecnológica ajudam muito, mas há também uma relação entre as pessoas e uma responsabilidade coletiva."
Tadeu Alencar
Secretário Nacional da Segurança Pública (SENASP), do Ministério da Justiça e Segurança Pública

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Samuel Elânio, que já trabalha no CISP há dois meses, corroborou com a importância do equipamento e revelou que o Estado também pensa em ter uma célula da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) no local: "É notória a proximidade e a rapidez que a gente consegue se reunir e tomar decisões. E mais forte que tudo isso, a Inteligência está agregada à gente. Seja a Inteligência das Forças de Segurança do Estado, seja o Centro Regional de Inteligência, que trabalhou mais isolado nos últimos anos. E há um alinhamento com o secretário Mauro Albuquerque, de trazer a Inteligência da SAP para dentro da nossa Inteligência também".

Mais de 2 mil profissionais trabalharão no Centro, localizado no bairro Aeroporto, em Fortaleza
Legenda: Mais de 2 mil profissionais trabalharão no Centro, localizado no bairro Aeroporto, em Fortaleza
Foto: Divulgação/ Governo do Ceará

Combate ao crime organizado

O governador Elmano de Freitas afirmou que o combate à violência mudou, com o passar do tempo: "Nós não enfrentamos mais o sujeito que estava na periferia das nossas cidades e, por um desespero, desestruturação da sociedade ou por desvio de valores, decidiu entrar no mundo do crime. O crime que nós estamos enfrentando no Ceará é um crime de organizações internacionais, ramificadas no Brasil inteiro, que aumentaram a violência".

Provavelmente, mais de 80% dos homicídios que ocorrem no Estado é de jovem matando jovem, porque alguém muito ganancioso, que está morando em uma mansão, às vezes nem no Ceará é, sendo dono de um negócio de drogas, está colocando jovem pobre para matar outro jovem pobre, para disputar o território, para ele ou outro vender a droga. É por isso que eu digo à Polícia Civil: eu quero prender todos os traficantes, mas o que eu quero mais prender é o que está na mansão, no luxo, que coloca a juventude para se matar. Esse é o nosso principal inimigo."
Elmano de Freitas
Governador do Ceará

Além da integração e da inteligência policial, o governador espera contar com mais profissionais de segurança pública e prometeu anunciar novas convocações, na próxima quarta-feira (22): "Nós só vamos conseguir enfrentar e vencê-las (organizações criminosas internacionais), integrando essas estruturas que temos no Estado, com a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, Inteligência. É com essa integração de ações e informações que nós venceremos essas organizações. Mas eu sei que também precisamos de contingente. Quarta-feira, eu apresento o cronograma. Nós vamos chamar para reforçar as instituições, mas eu também quero repor quem se aposentou nesse período".

Elmano revelou ainda dois novos projetos para a Segurança Pública do Ceará, que têm relação com o sistema de videomonitoramento: uso de câmeras da rede privada, para checar ações criminosas; e incremento do reconhecimento facial, no circuito de câmeras do Estado, para reconhecer fugitivos e localizar desaparecidos.

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