Chacina do Curió: ação judicial exige que Estado peça perdão publicamente pelo crime

Movida pela Defensoria Pública do Ceará, a ação civil pública pede também a construção de um memorial para as vítimas e o custeio de tratamento psicológico para as famílias

Escrito por Redação ,

Nesta quarta-feira (11), já são cinco anos desde o crime conhecido como Chacina do Curió (ou Chacina da Messejana), que ceifou as vidas de 11 filhos, esposos, namorados, irmãos, sobrinhos e amigos, na madrugada de 11 para 12 de novembro de 2015, na Grande Messejana. Os vazios na casa e na rotina das famílias ainda doem, motivo principal pelo qual a Defensoria Pública do Ceará exige, por meio de Ação Civil Pública (ACP), que o Estado peça perdão publicamente pela matança.

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A ACP pede ainda que seja construído um memorial para as vítimas, e que o Estado seja condenado a custear todo o acompanhamento psicológico e psiquiátrico para as famílias e os sobreviventes, como explica a defensora pública Mariana Lobo. “A ação vem na perspectiva de garantir reparação além da pecuniária (financeira): mas também o direito à memória, aos mortos; e a tratamento psicossocial às famílias, para que transformem a dor em luta”, pontua.

Outra exigência da ação, que foi movida em dezembro de 2019 e teve deferimento parcial pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), é a de que o governo estadual “publique anualmente um relatório com dados de homicídios em ações policiais, para que possamos construir política pública com base na cultura de paz”, complementa Mariana Lobo.

“Essas famílias passam por um processo de luto. O homicídio de seus familiares deixou marcas por uma vida toda. É importante que tenham acompanhamento para que possam ressignificar essa dor e transformar em luta”, frisa a defensora.

A Defensoria Pública tem atuado, ainda, no acompanhamento de todos os atos processuais junto à Justiça Criminal, prestando assistência e orientação às famílias das vítimas mortas na chacina. “Elas precisam ter conhecimento para buscar justiça. Isso é importante para garantir direito à memória e impedir que novos atos semelhantes aconteçam”, finaliza Lobo.

O sociólogo Thiago de Holanda, coordenador téncico do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA), da Assembleia Legislativa, e integrante da Rede Acolhe, da Defensoria, reforça a necessidade de manter vivas as histórias das 11 vítimas.

“É sempre importante lembrar desse massacre, que tirou a vida de oito adolescentes, entre as 11 vítimas. Não podemos aceitar, são intoleráveis essas mortes por intervenção policial ou em uma chacina como a da Messejana. São ações fatais violentas, envolvendo o agente público, que está servindo o Estado para proteger a população”, destaca.

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