Caso Barberena: condenado por matar mulher e filha é transferido para presídio no Rio Grande do Sul
Operação sigilosa, autorizada pelo Poder Judiciário cearense, envolveu policiais penais dos dois estados
Marcelo Barberena Moraes, condenado na Justiça do Ceará por matar a tiros a mulher Adriana Moura Pessoa e a filha Jade Pessoa, de apenas 8 meses, em uma casa de praia em Paracuru, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), foi transferido do Sistema Penitenciário cearense para o Rio Grande do Sul (seu estado de origem), em uma operação sigilosa.
A reportagem apurou que a operação ocorreu no início deste mês de março e mobilizou a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) e autoridades do Rio Grande do Sul. A transferência foi autorizada pela Justiça cearense, após o Sistema de Justiça do outro Estado encontrar uma vaga e dar o aval para o recambiamento. Os custos da viagem do preso e dos policiais foram pagos pela família de Barberena.
O empresário gaúcho cumpria pena de 53 anos de prisão, pelo duplo homicídio, na Unidade Prisional de Aquiraz (UP-Aquiraz), na Grande Fortaleza, até este mês de março. Entretanto, viu na ida para o Rio Grande do Sul a oportunidade de ficar mais próximo da família.
A defesa do empresário, representada pelo advogado Nestor Santiago, afirmou apenas que "o pedido de recambiamento do apenado Marcelo Barberena Moraes para o Estado do Rio Grande do Sul foi feito por nós ainda no primeiro semestre do ano passado, por solicitação dele próprio e da mãe, e foi devida e corretamente concedido pelo Poder Judiciário em agosto de 2023, tendo como única condição o custeio do traslado pela família de Marcelo".
Embora tenha havido uma demora na implementação do recambiamento, que é um direito de qualquer preso, para nós é motivo de satisfação saber que o pedido dele foi atendido, e que, agora, ele cumprirá o restante de sua pena em seu estado natal, próximo a seus familiares."
Procurado pela reportagem para comentar a transferência do homem condenado, o advogado da família das vítimas, Leandro Vasques, afirmou que "a transferência era mais previsível que um semáforo. Acho até que demorou demais", destacou.
É de clareza solar que a Lei de Execuções Penais determina que o preso deva cumprir sua pena próximo ao seu meio social e familiar, no caso em si, há muito tempo o condenado Marcelo Barberena já deveria ter sido transferido para o Rio Grande do Sul. Não temos o que comentar a respeito..
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Acusado teve pena reduzida
O Tribunal do Júri da Vara Única da Comarca de Paracuru condenou Marcelo Barberena Moraes a 82 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por duplo homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, motivo torpe e recursos que dificultaram a defesa das vítimas) contra a esposa Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes e a filha Jade Pessoa de Carvalho Moraes.
foi a duração do júri popular que condenou Marcelo Barberena, no julgamento que, até aquele dia 1º de dezembro de 2020, era o maior da história da Justiça cearense. A marca foi superada pelo júri da Chacina do Curió, que teve três sessões ocorridas em 2023, com uma duração total de aproximadamente 200 horas.
Em setembro de 2021, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) reduziu a pena de Barberena para 53 anos de prisão. A defesa do réu também pediu a anulação do julgamento, mas o pedido não foi atendido pelos magistrados da 1ª Câmara Criminal.
Adriana Moura Pessoa de Carvalho Moraes e a filha Jade Pessoa de Carvalho Moraes, de apenas 8 meses, foram mortas a tiros, em uma casa de veraneio, em Paracuru, no dia 23 de agosto de 2015. O marido e pai das vítimas, Marcelo Barberena, confessou o crime no início, mas depois mudou de discurso e disse que foi coagido por policiais para assumir os crimes.
Testemunhas contaram que o casal vinha discutindo com frequência e disseram nos autos que a expectativa do réu era ter um filho do sexo masculino. Ele queria um filho homem que se chamasse Artur, e teria perdido o encanto quando soube que a esposa estava grávida de uma menina. Barberena sempre negou a versão e sustentou que amava por igual as duas filhas meninas.