Acusado de tentativa de chacina anunciada nas redes sociais é inocentado pela Justiça do Ceará

Outro denunciado pelo ataque foi condenado a 130 anos de prisão

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
fotocrime
Legenda: Na época do crime, a Granja Portugal estava sob rivalidade das facções Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC)
Foto: Naval Sarmento

O Tribunal do Júri decidiu inocentar um dos acusados de uma tentativa de chacina, que deixou vítimas mortas e feridas em um apartamento de um conjunto habitacional localizado no bairro Granja Portugal. José Vagner Araripe Soares foi a júri popular oito anos depois do crime e foi absolvido na votação do conselho formado por populares, na 4ª Vara do Júri.

O julgamento aconteceu nessa segunda-feira (17). Também sentou no banco dos réus Francisco Alysson Lima dos Santos, acusado de integrar organização criminosa. Alysson foi condenado a pena de quatro anos e 10 meses no regime semiaberto, por integrar o Comando Vermelho, e ainda deve pagar R$ 5 mil aos herdeiros de cada uma das vítimas.

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O ataque realizado no dia 20 de fevereiro de 2017 teria sido anunciado nas redes sociais, segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE). O ano de 2017 foi considerado o ano mais violento da história do Ceará, com o registro de 5.133 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

Em maio de 2023, Francisco Gleidston da Silva Moreira Gomes foi condenado a pena de 130 anos de prisão pelo crime, sendo considerado o mentor da tentativa de chacina, motivada por uma guerra entre facções.

Gleidston estaria ameaçando uma das vítimas nas redes sociais, porque ela não queria trocar de facção.

A defesa de José Vagner, representada pelo advogado Abílio Lopes, enviou nota afirmando que "externa o sentimento de alegria em ter sua inocência reconhecida, materializada através da decisão dos jurados, que reconheceu a sua inocência, ratificando assim, todas as falas e manifestações anteriormente apresentadas no caderno processual, aos quais, sempre, se declarou inocente". As defesas dos demais denunciados não foram localizadas.

"Agora, livre dessa acusação injusta, ele busca reconstruir sua vida com dignidade. Agradecemos a todos que acreditaram em sua inocência e reforçamos a importância de um sistema judiciário que atue com imparcialidade, evitando que erros como este voltem a ocorrer".
Abílio Lopes, advogado de José Vagner

GUERRA ENTRE FACÇÕES

Morreram no ataque: Alan Lima dos Santos, o 'Cruel', quem vinha sendo ameaçado; Valdirene Nascimento Ribeiro; e Leonardo de Sousa Lopes dos Santos, o 'Leozinho'. "O grupo criminoso agiu expondo a risco de perigo comum todos os que ali se encontravam, já que poderiam ter atingido ainda mais pessoas, inclusive outras mulheres e crianças", segundo a denúncia.

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Na época do crime, a Granja Portugal estava sob rivalidade das facções Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC). "Por disputa de território e demonstração de poder, acabou por culminar em diversos episódios de homicídios e tentativas de homicídios dispostos nesta instrução processual, tanto de integrantes de facções rivais, quanto de supostos inocentes, notadamente no episódio ocorrido em conjunto habitacional", diz trecho da denúncia do MP.

Em 2017, a Polícia Civil disse que o crime se tratou de um revide durante a "prestação de contas". O Ministério Público do Ceará destacou que os crimes tiveram motivação torpe, "consistente em disputa territorial".

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