Vaqueiro tem raízes indígenas na sua formação

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Redação producaodiario@svm.com.br
Os pesquisadores da História do Brasil explicam que a figura do vaqueiro surgiu com o Ciclo do Gado, no século XVII. Ao contrário do que muita gente imagina, essa figura sertaneja não tem origem européia, nos colonizadores portugueses. Com a expansão territorial dos invasores além-mar, os nativos, indígenas, após dominados, foram os percussores do ofício.

A medida que a interiorização colonizadora se consumava no Nordeste brasileiro, os obstáculos iam sendo superados. Muitos deles com o auxílio das habilidades de aborígines que haviam sido domesticados. Pelas dificuldades encontradas na civilização dos silvestres, perceberam os conquistadores sua utilidade junto aos currais.

Os índios demonstravam satisfação em cuidar dos criatórios bovinos. Apesar da servidão imposta, se sentiam livres. A vigiar o gado, viviam à solta. Embrenhavam-se no mato à procura de reses fugidias. Desfrutavam das ofertas da natureza, de raízes, brotos e frutos silvestres, comendo carne crua ou moqueada no calor dos braseiros. Viviam em pleno exercício de sua formação primitiva.

Com o passar do tempo, “a miscigenação das raças que aportaram em nossas terras, brancos e negros, surgiam os mestiços, caboclos”. Os invasores consolidaram moradia no nosso sertão. Os bravos guerreiros haviam se dado por vencidos ou sucumbido diante do superior poderio conquistador. As gerações que surgiam se adaptavam ao exótico habitat nordestino. A pecuária se tornaria o mais promissor meio de sobrevivência.

De olhar aparentemente fadigado, mãos calejadas do açoite do chicote e de abraçar o boi a unha, se preciso for. Com formação nas entranhas da Caatinga, a vaquear e se orgulhar apenas de ser mais esperto que o bicho que lhe cedeu o honrado título, assim é o vaqueiro nordestino. Tanger o boi, a boiada, requer destreza, capricho e arte. Em suas obras literárias, diz escritor Euclides da Cunha: “ser o sertanejo, antes de tudo, um forte”. E o sertanejo é quem vai dar esse homem viril, resoluto, improvisador, destemeroso, um personagem quase lendário, cantado em prosa e verso. (A.P.)