Tremembés discutem terra, educação e saúde

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Tremembés realizam primeira assembléia unificada com participação das três comunidades do Ceará

Fortaleza. Cerca de 300 índios Tremembés participam até o próximo sábado da I Assembléia do Movimento Indígena Tremembé. O evento, aberto na noite da última terça-feira, está ocorrendo na Escola Indígena Maria Venâncio, na Praia de Almofala, município de Itarema, a 220km de Fortaleza. Entre os temas em pauta estão demarcação de terras, medicina tradicional, etnicidade, educação indígena e educação escolar indígena.

Pela primeira vez, as 17 aldeias das três comunidades Tremembés do Estado, localizadas nos municípios de Itarema, Itapipoca e Acaraú, estão reunidas em uma assembléia. Segundo o pajé Luís Caboclo, de Almofala, o encontro foi criado para resolver pequenos problemas entre as comunidades e possibilitar uma ação conjunta a fim de garantir políticas públicas que beneficiem a etnia como um todo.

Demarcação de terras

A principal demanda dos indígenas, conforme o pajé, é a demarcação das terras deles. Atualmente, apenas a Aldeia Córrego do João Pereira, do distrito de Carvoeiro, em Itarema, tem área demarcada. Luís Caboclo relata que os índios estão disputando as terras contra empresas poderosas em algumas regiões, que chegam até a manipular alguns índios contra a comunidade. “Queremos que os índios não enfraquecem na luta pela nossa mãe-terra”, convoca.

As discussões sobre saúde na assembléia são relacionadas à possibilidade de os índios receberem atendimento com o uso da medicina tradicional, à base de remédios caseiros. Um dos líderes da comunidade Tremembé, Fernando Santos, diz que o atendimento atualmente prestado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) utiliza a medicina convencional.

Encaminhamento

De acordo com Fernando Santos, as conclusões sistematizadas no relatório final do evento serão encaminhadas como demandas às prefeituras municipais, ao governo do Estado, à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério Público. Uma dessas demandas será a melhora da qualidade da educação escolar indígena e o aumento do número de escolas indígenas nas comunidades Tremembés. Na assembléia, também será discutida a educação indígena, que é transmitida de pai para filho sem envolver as escolas indígenas.

Hoje, o tema do dia é “Cultura Medicinal Tradicional”. A programação será aberta às 7h, com um café da manhã. Às 8h30, haverá a plenária “Pajés, parteiras e rezadores”. À tarde, discussões em grupos.

ÍCARO JOATHAN
Especial para o Regional


Opinião do Especialista

Luta dos Tremembés continua

Os Temembés no Ceará se definem sempre como “nós era um povo só”. Inúmeros acontecimentos os mantiveram separados ao longo dos tempos, mas continua o sonho entre eles em buscar uma articulação capaz de garantir-lhes alcançar a tão desejada integração.

Essa busca se acentuou mais claramente nos últimos anos — eles já são quatro grupos em três municípios e enfrentam dificuldades grandes para a regularização de suas terras tradicionais. Somente um desses grupos conseguiu a demarcação, homologação e registro de sua terra em cartório, oficialmente, os Tremembé Córrego João Pereira, em Itarema.

Esta assembléia tem o objetivo de uma integração entre todos eles para consolidar a sua articulação e a realização de ações conjuntas para novas políticas públicas, garantia, principalmente, da terra e defesa da natureza.

MARIA AMÉLIA LEITE
aguaim@terra.com.br
*Secretária-geral da Organização Missão Tremembé

Mais informações:
João Venâncio ou Dije
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Fernando
(85) 3481.7009/ 9924.9865
fernandotremembe@hotmail.com