Sítios arqueológicos no Cariri

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda:
Foto: Antônio Vicelmo
Achados arqueológicos dão conta que tribos ancestrais escolheram o Cariri para viver seguindo cursos d´água

Missão Velha. Os índios Cariri não foram os únicos habitantes do Sul do Estado do Ceará. Antes da chegada do homem branco à região, no século XVII, o local era habitada por inúmeras tribos indígenas. A revelação está sendo feita pela arqueóloga Rosiane Limaverde, Diretora da Fundação Casa Grande, de Nova Olinda, com base no levantamento de 16 sítios arqueólogicos encontrados na região. Os mais recentes foram localizados na Serra do Mãozinha, em Missão Velha, e no Sítio Analá, no município de Mauriti, nos limites do Ceará com a Paraíba.

As inscrições rupestres encontradas nessas duas localidades confirmam a hipótese de que o Cariri era habitado por tribos indígenas de diferentes culturas que vieram atraídas pelas fontes perenes da Serra do Araripe. Rosiane acrescenta que o Cariri sempre foi o oásis do Nordeste. Também está comprovado que os índios seguiram o caminho das águas, isto é, entraram no Cariri, vindos da Paraíba, pelo riacho dos Porcos e caminharam no leito dos rios até os pés de serra.

As inscrições descobertas em Mauriti estão gravadas em pedra no leito do riacho Soledade. “Isso é um fato novo na região. Essas gravuras eram feitas, geralmente, em locais altos, de difícil acesso”, diz Rosiane. Em Missão Velha, as inscrições estão numa gruta de pedra, em cima de uma serra.

O trabalho de Rosiane e seu marido, Alemberg Quindins, foi iniciado há cerca de 15 anos. Os dois pesquisadores trabalham na identificação dos povos que aqui viveram, e dos que fizeram as diferentes pinturas que puderam ser classificadas. Para isso foram analisados utensílios e restos de pinturas encontradas nas camadas arqueológicas. A primeira descoberta foi feita no Sítio Santa Fé, a vinte quilômetros do Crato. Ali, os índios deixaram, além de inscrições, uma grande serpente gravada na pedra em alto-relevo.

A pesquisa faz parte do estudo da Fundação Casa Grande, organização não-governamental com sede em Nova Olinda, que objetiva resgatar a memória do homem Cariri, com documentação fotográfica e iconográfica dos antepassados na região, levantamento de sítios arqueológicos, além do resgate cultural por meio da música.

Além disso, são desenvolvidos trabalhos no âmbito da informação, com a escolinha de comunicação e editora. Hoje, os integrantes da Casa Grande estão realizando projetos para o desenvolvimento de programas de televisão.

Na semana passada, Rosiane esteve no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com o objetivo de firmar convênio para a formação de agentes educadores do patrimônio histórico regional. Os agentes vão trabalhar com alunos das escolas públicas. São os passos iniciais de uma nova política educacional, que visa proporcionar aos estudantes uma visão abrangente sobre a arqueologia do Cariri.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

ARQUEOLOGIA
Convênio para mais pesquisas

Nova Olinda. O trabalho das pesquisas arqueológicas será ampliado em parceria com a Universidade Regional do Cariri (Urca). A Fundação Casa Grande, Memorial do Homem Cariri, acaba de firmar convênio com a universidade no sentido de desenvolver ações na área da cultura, pesquisa e extensão, visando o desenvolvimento de estudos sobre os antepassados do homem naquela região.

A assinatura do acordo aconteceu na Urca, com a presença dos diretores da Fundação, Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde, e a reitora em exercício da Urca, Otonite Cortez, além de professores, pró-reitores e procuradoria.

Conforme o convênio, a perspectiva dos trabalhos envolve questões culturais e técnico-científicas, voltada para ações de capacitação na área de recursos humanos, envolvendo os cursos da universidade. As pesquisas serão desenvolvidas nas áreas de Antropologia, História e também no contexto regional.

O desenvolvimento cooperativo e planificado é outra finalidade do convênio, visando à documentação e formação cultural, educacional e científica.

Fundação Casa Grande

A Fundação Casa Grande vem desenvolvendo um trabalho voltado para crianças e adolescentes há 15 anos. São filhos de agricultores de Nova Olinda.

Segundo o presidente da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, o convênio com a Urca tem uma grande importância para as duas instituições, por serem captadoras de valores e potenciais na região. ´O importante é poder reunir forças no propósito de facilitar esse desenvolvimento´, diz.

Para Alemberg, o convênio é visto de uma forma boa pelos governos municipal, estadual e federal e organizações não-governamentais. ´É uma oportunidade de agregar os valores que cada uma delas tem´.

A reitora da Urca em exercício, Otonite Cortez, diz que a universidade está refazendo o convênio com a Casa Grande, o que representa o esforço de reatar a linha do desenvolvimento institucional, dentro do projeto de consolidação da Urca como instituição regional.

A difusão de trabalhos de cunho científico por meio da mídia, seminários e outros eventos estão entre os objetivos dos projetos a serem desenvolvidos nos próximos dois anos, período do convênio, podendo ser renovado por meio de aditivo.

Rosiane Limaverde afirma que o trabalho em conjunto da universidade com a instituição traz à tona toda uma história a ser seguida e estudada dentro no âmbito regional. O apoio da Urca vai possibilitar um trabalho mais amplo em torno daqueles sítios arqueológicos.

Mais informações:
Fundação Casa Grande
(88) 3546-1333
Avenida Jeremias Pereira, 444, Centro - Nova Olinda - CE.
Urca - Universidade Regional do Cariri - (88) 3102-1230 - 3102-1276
Rua Teófilo Siqueira, 684,
Centro - Crato - CE.