Sementes chegam aos agricultores familiares de mais de 50 cidades cearenses

O plantio já começou em alguns municípios. O programa Hora de Plantar distribui, até a primeira quinzena de fevereiro, mais de 3.400 toneladas de sementes para 155 mil pequenos produtores no Sertão cearense.

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: No período de 2015 a 2020, o programa Hora de Plantar já entregou mais de 15 mil toneladas de sementes
Foto: Wandenberg Belem

Agricultores de base familiar de 55 municípios cearenses já receberam 2.169.470kg de milho variedade, milho híbrido, feijão caupi e sorgo forrageiro. As sementes distribuídas fazem parte do programa Hora de Plantar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).

Até a próxima quarta-feira (27) a distribuição será concluída aos agricultores cadastrados nas regiões Cariri e Centro-Sul cearense, mas todos os armazéns polos no interior já receberam o estoque do programa, que neste ano tem a meta de atender 155 mil agricultores familiares em 182 municípios beneficiados. No total, serão entregues 3.410 toneladas de sementes.

Além das sementes, a ação prevê a entrega de 5 mil metros³ de manivas de mandioca; 6,262 milhões de raquetes de palma forrageira e 736 mil mudas, entre frutíferas, de caju anão precoce e essências florestais nativas. A distribuição em Morada Nova começa nesta semana.  

No campo, os agricultores que já receberam as sementes de milho e feijão estão aproveitando a terra úmida e fazendo o primeiro plantio de sequeiro deste ano. “Aprendi com meu pai que devemos plantar cedo para aproveitar as primeiras chuvas”, disse o agricultor Assis Bezerra, da localidade de Mundo Novo, na zona rural de Cedro. Neste ano, o produtor decidiu manter a área cultivada em 2020, um hectare e meio de milho consorciado com feijão.

Há 12 anos, o agricultor, José Machado recebe sementes de milho do programa e está satisfeito. “Tomara que o Ceará tenha um bom inverno”, disse. “Essa semente de milho dá boas espigas e o tempo de produção é mais cedo”.

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antônio Amorim, pontou que desde a década de 1980, o Ceará mantém o ineditismo de distribuir as sementes melhorada. “Possibilitam uma safra de ciclo curto e de maior produtividade”, observou.  Para o governador Camilo Santana, a qualidade das sementes favorece ao agricultor “uma produção e um ganho econômico maior”.

Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a entrega das sementes segue um formato diferente das edições anteriores, em que cada agricultor cadastrado comparecia aos escritórios da Ematerce, nas cidades, e muitas vezes ficava exposto ao sol e à chuva.

“Estamos entregando somente aos presidentes de associações de moradores ou de produtores, que levam para a comunidade as sementes e fazem a entrega aos agricultores cadastrados”, explicou o gerente do escritório local da Ematerce, Erivaldo Barbosa.

Motivado por evitar aglomerações, o gerente do escritório da Ematerce, em Cedro, José André de Souza, também seguiu o modelo sugerido pelo governo do Estado, neste ano, de entrega dos sacos de sementes.

Legenda: De olho na chegada das chuvas, agricultores já preparam a terra para o plantio
Foto: Wandenberg Belem

“Estamos pensando no próximo ano repetir esse formato, para isso, as associações devem estar organizadas, com diretoria formada e ativa”, frisou. “Nós fazemos um apelo para que os agricultores não vendam e não alimentem os animais com essa semente que é de alto valor genético”.

Ação

No período de 2015 a 2020, o programa já entregou mais de 15 mil toneladas de sementes, 35 milhões de raquetes de palma forrageira e 22.642 m³ de maniva de mandioca, além de 1.814.159 mudas de caju anão precoce, 646.863 mudas de essências florestais nativas e 12.685 mudas de outras frutíferas.

A expectativa do titular da SDA, De Assis Diniz, é que o Ceará tenha uma safra “superior a 800 mil toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas mediante a continuidade do Hora de Plantar, que é uma política pública decisiva em apoio aos agricultores familiares”.

Um dos diferenciais do projeto é o alto padrão da semente, que é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).  A atual edição expandiu de seis para 90 toneladas a quantidade de milho biofortificado para 600 agricultores familiares do Estado.

A cultivar BRS-4104, desenvolvida pela Embrapa, possui uma concentração de carotenoides precursores da vitamina A de 2,5 a 3,2 vezes maior do que os valores encontrados no milho comum, mesmo mantendo características como cor e sabor.

Segundo a SDA, o resultado é um alimento mais nutritivo e com potencial de combater problemas de visão e baixa imunidade, causados pela falta de vitamina A na alimentação humana.

“O milho é um alimento abundante na mesa dos nordestinos, na preparação do cuscuz, da canjica, da pamonha, de bolos ou mesmo cozido”, observou De Assis Diniz.

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