Reservatório sangra após 19 anos

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Redação producaodiario@svm.com.br
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Foto: Antônio Vicelmo

Crato (Sucursal) — O açude Thomas Osterne, com capacidade para 28,78 milhões de metros cúbicos, está sangrando, depois de 19 anos. A lâmina de sangria é quase imperceptível. Perde-se no meio da vegetação que cobre o sangradouro. “É a chamada sangria técnica”, diz o administrador do reservatório, Eugênio Tavares, acrescentando que a tendência é aumentar. Ontem, voltou a chover na região: 38 milímetros. O transbordamento é resultado das últimas chuvas caídas no começo da semana que atingiram mais de100 milímetros nas cabaceiras do Thomas Osterne. Em menos de 24 horas, foram despejados cerca de dois milhões/m³ dentro do reservatório que faz parte da bacia do Salgado.

A última sangria do Thomas Osterne aconteceu em maio de 85. Eugênio Tavares, que administra o reservatório há 16 anos, disse que tecnicamente o açude está sangrando, porém quem esperava um bonito espetáculo provocado pelo volume d’água, volta decepcionado. A lâmina d’água só vai subir no final de semana, se continuar chovendo. Mesmo assim, dezenas de pessoas estão se deslocando para o açude, a 30 quilômetros do Crato, para testemunhar a sangria.

O açude é responsável pela irrigação e perenização do Vale do Carás, onde estão os solos mais férteis do Cariri, que vai do Crato a Missão Velha, numa extensão de cerca de cinco quilômetros.

Apesar das intensas chuvas de janeiro, dos 13 açudes da bacia do Salgado, apenas quatro estão transbordando. Um deles, o Quixabinha, localizado no município de Mauriti, está com menos de sua capacidade (49,1%). O Manoel Balbino, em Juazeiro do Norte, está com 55,3%. Hoje, o Cariri acumula cerca de 409 milhões/m³, o que corresponde 91,4% da capacidade dos reservatórios administrados pela Cogerh.

Ceará tem 84,3% de água armazenada

Estando quase no final de sua quadra invernosa, o Ceará possui 84,3% de volume de água armazenada. Dos 123 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) 96 sangraram com as chuvas deste ano. Desse total, 57 reservatórios distribuídos em 11 bacias hidrográficas pararam de sangrar e 39 ainda estão sangrando. O último foi o açude Thomas Osterne, em Crato. De acordo com o boletim divulgado pelo órgão, as bacias do Médio Jaguaribe, com 72,54%, e a do Banabuiú, com 77,20%, apresentam menor volume dágua registrados no período de janeiro a 12 de maio deste ano.

A bacia do Baixo Jaguaribe é a que apresenta 100% de capacidade. Ela possui apenas o açude Santo Antônio de Russas, no município de Russas, com 24 milhões de m³ de água. Depois vem a bacia do Alto Jaguaribe, com 99,55% de volume acumulado, com 16 reservatórios (2,5 milhões de m³), sendo que destes, 15 sangraram e quatro ainda apresentam volume acima de sua cota máxima.

A bacia do Acaraú, com um total de 12 açudes e volume de 1,4 milhões/m³ de água, está com 98,88% de sua capacidade. Já a bacia do Litoral, com volume de 97,8%, distribuídos em sete açudes e capacidade de 98,2 mil m³, beneficia as municípios de Uruburetama, Sobral, Itapipoca e Miraíma. Depois dele, a bacia do Curu possui reserva de 96,9% de água acumulada até agora.