Pandemia impacta na fabricação de móveis sacros, em Iguatu; cidade é referência no Estado

A estimativa do setor é de queda de 60%. As peças são comercializadas para paróquias do Ceará e de até de outros estados

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: Pelo menos 15 profissionais estão envolvidos diretamente na produção das peças sacras
Foto: Honório Barbosa

Referência no Ceará na produção de móveis sacros, a cidade de Iguatu acumulou queda de 60% na fabricação das peças entre os meses de março a julho deste ano, em comparação a igual período de 2019. A explicação, segundo os marceneiros especializados, deve-se a pandemia do novo coronavírus

O marceneiro Antônio Lopes lembra que o setor ficou "quase três meses inativo"  por determinação de decreto governamental. Os pedidos, antes frequentes, tiveram considerável queda. No ano passado, a média mensal de encomendas entre março e julho, foi de 25 peças, neste ano, reduziu para 10.

Contudo, após a retomada gradual da economia, a produção das peças destinadas à ornamentação de igrejas, começa a ser retomada. "Estasmo retomando ao poucos", pontuou Lopes. 

Produção

Pelo menos 15 profissionais estão envolvidos diretamente na produção das peças sacras, em Iguatu. O trabalho começou há exatos 20 anos, quando, em 2000, o marceneiro Antônio Lopes, recebeu uma encomenda do então bispo da Diocese de Iguatu, dom José Doth. “Eu trabalhava com móveis residenciais e comerciais, mas gostei do desafio e aceitei. A Catedral de São José em Iguatu estava em construção e fiz muitas peças para lá”, relembra.

Desde então as encomendas se multiplicaram e outros profissionais entraram na atividade. Marcos Alves é outro que corta com precisão madeiras para fabricação de peças sacras. A produção dos profissionais engloba altares, mesa eucarística, púbito, pedestal, cadeiras, colunas e santuários.  

Os móveis são feitos com madeira fornida e, para o acabamento, o cedro, madeira de auto padrão. Lopes conta que a fabricação "exige muito trabalho". Após a produção, que chega a "levar semanas", as peças são envernizadas à base de resina, que assegura boa qualidade, durabilidade e permite limpeza com uso de álcool.

Legenda: O preço das peças varia de acordo com o modelo e tamanho. Um altar do Santíssimo, por exemplo, custa entre R$ 3 mil e R$ 12 mil
Foto: Honório Barbosa

Dentre os trabalhos realizados por Lopes, ele elege o altar mor da Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana como um dos mais importantes. O desenho foi feito pelo padre Carlos Roberto Alencar. A peça passou a integrar o conjunto para a celebração dos 300 anos da chegada da imagem da padroeira de Iguatu, em 2019.

Mercado

As peças fabricadas em Iguatu são vendidas, em sua ampla maioria, para as igrejas católicas. Inicialmente, a produção voltava-se apenas para as paróquias da Diocese de Iguatu, mas, com o tempo, a comercialização foi expandida a outras regiões do Ceará e a estados vizinhos.

"Vendemos para diversas cidades do Estado e até para cidades fora do Ceará", pontuou Marcos Alves.

O preço das peças varia de acordo com o modelo e tamanho. Um púbito, por exemplo, tem orçamento entre R$ 700 e R$ 2.500. Um altar do Santíssimo custa entre R$ 3 mil e R$ 12 mil, mas já houve encomenda de até R$ 20 mil. O nicho oscila entre R$ 600 e R$ 8 mil. O altar mor é a peça mais cara e varia entre R$ 6 mil e R$ 25 mil.

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