Irmã de Miguel Arraes domina mundo virtual
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Redação
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Dona Almina venceu o preconceito e mostra que é possível superar dificuldades por meio da perseverança
Crato. "A auto-estima é a percepção que a pessoa tem de si mesma. Esta revisão de vida auxilia na auto-aceitação de habilidades, características e limitações. Isso ajuda a desenvolver melhor a auto-percepção, ou seja, a estar mais satisfeita com a vida". Com esse exercício de reflexão, a aposentada Almina Arraes de Alencar Pinheiro, 84 anos, irmã do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, abriu uma janela para o mundo, a partir da adoção do computador na vida cotidiana.
Viúva, com os filhos, netos e sobrinhos distantes, alguns deles no exterior, dona Almina descobriu que a internet seria a forma mais prática de manter o relacionamento com a família. Ela lembra que os sentimentos de abandono, tristeza, sensação de inutilidade, apatia e desesperança são rotina de inúmeros idosos de hoje.
Assim, ela procurou um curso de informática para entrar no mundo virtual. Procurou formar um grupo da terceira idade para assistir às aulas, mas ninguém se entusiasmou com a idéia. O computador, para a maioria dos idosos, era "um bicho de sete cabeças".
Mesmo assim, dona Almina não desistiu. Matriculou-se sozinha num curso onde predominava a presença de crianças. No primeiro dia de aula, um garoto de 12 anos perguntou: "A senhora é a professora?". "Não, eu sou aluna", respondeu. Com seis meses de aula, ela saiu pronta para navegar num mundo que ela até então desconhecia. Palavras como e-mail, adicionar, anexar, digitar, bytes, megabytes, download, site e outras tantas do mundo virtual agora fazem parte do seu dia-a-dia.
O primeiro computador foi doado pelo filho, Joaquim, que mora em Recife. O segundo foi um presente emocionante. Joaquim conta que, há cerca de 30 anos, um jovem pobre disse para dona Almina que não ia fazer o vestibular porque não tinha dinheiro para pagar a inscrição. Imediatamente, ela entregou o dinheiro ao jovem, dizendo: "você me paga com o seu diploma". O jovem formou-se, tornou-se Dr. Júlio Pinto. Hoje, é professor universitário.
Ao tomar conhecimento de que dona Almina estava dominando computador, Júlio Pinto a presenteou com uma máquina de última geração equipada com câmera e impressora. Animada, ela elaborou um manual com o título "Minhas Lições", que está distribuindo com as amigas da terceira idade e pessoas que ainda resistem ao computador. O objetivo é ajudá-las a superar seus medos e resistências às novas tecnologias.
O computador foi instalado numa das salas do casarão da família decorada com fotos dos parentes mais próximos, entre as quais uma foto grande da primeira campanha vitoriosa de seu irmão, Miguel Arraes, ao Governo de Pernambuco. Ali, ela percorre o Brasil e o mundo. Recebe cerca de 100 e-mails por dia. Grava programas, filmes e músicas que lhe interessam. Copia, recebe e transmite fotografias e faz compras. O mais importante, segundo dona Almina, além do contato com a família, é a pesquisa. "O computador é uma livraria dentro de casa".
Dona Almina justifica que o aprendizado favorece o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, quando este é flexível e perspicaz para acomodar a novidade e a renovação. "Abre o intelecto humano para investigar. É preciso levar o adulto a pensar, cultivar o espírito crítico e questionador que ele traz consigo, às vezes, adormecido".
Ao fazer estas observações, dona Almina adverte: "Não permita que a distância entre o velho e o novo sejam barreiras, é o grande desafio que temos, uma luta constante contra todas as ações discriminatórias que possam existir, permanecer e aparecer no processo vertical e horizontal da educação. Ao fazer esta advertência, dona Almina complementa: O idoso não pode se entregar à apatia. A aposentadoria não deve ser encarada como objetivo, muito menos como condição para que se pare de produzir".
Mais informações:
Almina Arraes de Alencar
Rua Dr João Pessoa, 98 - Crato
Tel: (88) 3521-1404
ANTÔNIO VICELMO
REPÓRTER
CENTRO-SUL
Idosos participam de projeto inovador
Iguatu. Um grupo de 13 alunos da terceira idade somente agora estão tendo oportunidade de serem alfabetizados a partir da inclusão digital. O projeto é inédito e está mudando a vida de homens e mulheres acima dos 61 anos de idade. O Programa de Atendimento a Pessoa Idosa com Inclusão Digital (Papi) começou a funcionar há três meses no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). Os alunos utilizam uma sala de aula e o laboratório de informática.
O programa piloto está ajudando a mudar a vida da aposentada Angelita Belarmino da Silva, 85 anos. É a mais idosa da turma. Dona-de-casa, nunca teve oportunidade de aprender a ler e escrever, mas agora está sendo alfabetizada com a ajuda do computador. Apesar da idade, mostra disposição, vontade e coragem para enfrentar o novo desafio. "Dizem que o computador é um bicho papão, mas estou me dando bem com ele", afirma. "Estou gostando muito e não falto uma aula".
O clima entre os alunos é de motivação. "Aqui a gente tem oportunidade de aprender e de fazer novos amigos", diz a dona de casa, Antônia Sobreira, 69 anos. "A nossa vida mudou muito e agora está mais alegre e participava". Segundo a professora Josefa Ribeiro os alunos passaram a ter vontade de viver mais, estão mais alegres e houve melhoria da auto-estima. "Um curso como esse ajuda a desenvolver a pessoa", disse. "Aqui é uma sala de felicidade".
O casal João Gabriel da Silva, 72 anos, pescador aposentado, e Maria José da Silva, 68 anos, costureira, casados há 43 anos, permanecem juntos na hora de estudar as lições da alfabetização e de informática.
Mais informações:
Centro de Educação de Jovens e Adultos
Largo da Telha
(88) 3581. 9467
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
Crato. "A auto-estima é a percepção que a pessoa tem de si mesma. Esta revisão de vida auxilia na auto-aceitação de habilidades, características e limitações. Isso ajuda a desenvolver melhor a auto-percepção, ou seja, a estar mais satisfeita com a vida". Com esse exercício de reflexão, a aposentada Almina Arraes de Alencar Pinheiro, 84 anos, irmã do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, abriu uma janela para o mundo, a partir da adoção do computador na vida cotidiana.
Viúva, com os filhos, netos e sobrinhos distantes, alguns deles no exterior, dona Almina descobriu que a internet seria a forma mais prática de manter o relacionamento com a família. Ela lembra que os sentimentos de abandono, tristeza, sensação de inutilidade, apatia e desesperança são rotina de inúmeros idosos de hoje.
Assim, ela procurou um curso de informática para entrar no mundo virtual. Procurou formar um grupo da terceira idade para assistir às aulas, mas ninguém se entusiasmou com a idéia. O computador, para a maioria dos idosos, era "um bicho de sete cabeças".
Mesmo assim, dona Almina não desistiu. Matriculou-se sozinha num curso onde predominava a presença de crianças. No primeiro dia de aula, um garoto de 12 anos perguntou: "A senhora é a professora?". "Não, eu sou aluna", respondeu. Com seis meses de aula, ela saiu pronta para navegar num mundo que ela até então desconhecia. Palavras como e-mail, adicionar, anexar, digitar, bytes, megabytes, download, site e outras tantas do mundo virtual agora fazem parte do seu dia-a-dia.
O primeiro computador foi doado pelo filho, Joaquim, que mora em Recife. O segundo foi um presente emocionante. Joaquim conta que, há cerca de 30 anos, um jovem pobre disse para dona Almina que não ia fazer o vestibular porque não tinha dinheiro para pagar a inscrição. Imediatamente, ela entregou o dinheiro ao jovem, dizendo: "você me paga com o seu diploma". O jovem formou-se, tornou-se Dr. Júlio Pinto. Hoje, é professor universitário.
Ao tomar conhecimento de que dona Almina estava dominando computador, Júlio Pinto a presenteou com uma máquina de última geração equipada com câmera e impressora. Animada, ela elaborou um manual com o título "Minhas Lições", que está distribuindo com as amigas da terceira idade e pessoas que ainda resistem ao computador. O objetivo é ajudá-las a superar seus medos e resistências às novas tecnologias.
O computador foi instalado numa das salas do casarão da família decorada com fotos dos parentes mais próximos, entre as quais uma foto grande da primeira campanha vitoriosa de seu irmão, Miguel Arraes, ao Governo de Pernambuco. Ali, ela percorre o Brasil e o mundo. Recebe cerca de 100 e-mails por dia. Grava programas, filmes e músicas que lhe interessam. Copia, recebe e transmite fotografias e faz compras. O mais importante, segundo dona Almina, além do contato com a família, é a pesquisa. "O computador é uma livraria dentro de casa".
Dona Almina justifica que o aprendizado favorece o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, quando este é flexível e perspicaz para acomodar a novidade e a renovação. "Abre o intelecto humano para investigar. É preciso levar o adulto a pensar, cultivar o espírito crítico e questionador que ele traz consigo, às vezes, adormecido".
Ao fazer estas observações, dona Almina adverte: "Não permita que a distância entre o velho e o novo sejam barreiras, é o grande desafio que temos, uma luta constante contra todas as ações discriminatórias que possam existir, permanecer e aparecer no processo vertical e horizontal da educação. Ao fazer esta advertência, dona Almina complementa: O idoso não pode se entregar à apatia. A aposentadoria não deve ser encarada como objetivo, muito menos como condição para que se pare de produzir".
Mais informações:
Almina Arraes de Alencar
Rua Dr João Pessoa, 98 - Crato
Tel: (88) 3521-1404
ANTÔNIO VICELMO
REPÓRTER
CENTRO-SUL
Idosos participam de projeto inovador
Iguatu. Um grupo de 13 alunos da terceira idade somente agora estão tendo oportunidade de serem alfabetizados a partir da inclusão digital. O projeto é inédito e está mudando a vida de homens e mulheres acima dos 61 anos de idade. O Programa de Atendimento a Pessoa Idosa com Inclusão Digital (Papi) começou a funcionar há três meses no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). Os alunos utilizam uma sala de aula e o laboratório de informática.
O programa piloto está ajudando a mudar a vida da aposentada Angelita Belarmino da Silva, 85 anos. É a mais idosa da turma. Dona-de-casa, nunca teve oportunidade de aprender a ler e escrever, mas agora está sendo alfabetizada com a ajuda do computador. Apesar da idade, mostra disposição, vontade e coragem para enfrentar o novo desafio. "Dizem que o computador é um bicho papão, mas estou me dando bem com ele", afirma. "Estou gostando muito e não falto uma aula".
O clima entre os alunos é de motivação. "Aqui a gente tem oportunidade de aprender e de fazer novos amigos", diz a dona de casa, Antônia Sobreira, 69 anos. "A nossa vida mudou muito e agora está mais alegre e participava". Segundo a professora Josefa Ribeiro os alunos passaram a ter vontade de viver mais, estão mais alegres e houve melhoria da auto-estima. "Um curso como esse ajuda a desenvolver a pessoa", disse. "Aqui é uma sala de felicidade".
O casal João Gabriel da Silva, 72 anos, pescador aposentado, e Maria José da Silva, 68 anos, costureira, casados há 43 anos, permanecem juntos na hora de estudar as lições da alfabetização e de informática.
Mais informações:
Centro de Educação de Jovens e Adultos
Largo da Telha
(88) 3581. 9467
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER